PSDB deve reavaliar seu posicionamento para o futuro, diz Doria
Luís Adorno
Do UOL, em São Paulo
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Fabio Vieira/FotoRua/Estadão Conteúdo
João Doria, candidato do PSDB ao governo, se reuniu com correligionários para definir as estratégias de sua campanha no segundo turno
Com o pior desempenho da história do PSDB em eleições presidenciais, o candidato tucano ao governo de São Paulo, João Doria, afirmou na manhã desta segunda-feira (8) defender que a sigla faça uma reavaliação de seu posicionamento no cenário nacional mirando eleições futuras.
"Acho que tem que reavaliar o seu posicionamento e definir, com clareza, o seu futuro", afirmou após ter se reunido com correligionários, durante a manhã, para definir as estratégias de sua campanha no segundo turno, em que enfrenta o governador Márcio França (PSB).
Na reavaliação sugerida por Doria, o ex-prefeito da capital sugere que se "deve respeitar o passado, preservar a sua história, não condenar ninguém por derrota em nenhum momento, mas avaliar daqui para a frente. E eu serei um cobrador para que isso aconteça".
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"Vou continuar no PSDB. Mas vou lutar por um PSDB moderno, que entenda que o liberalismo é fundamental para resgatar o crescimento do desenvolvimento econômico e social do país", complementou.
Doria afirmou que não há nenhum atrito com o ex-governador Geraldo Alckmin, que teve menos de 5% dos votos. "Não há nenhuma possibilidade nesse sentido. Conversei com Alckmin, estaremos juntos. Existe uma relação pessoal que independe de partido", afirmou. Mas durante o domingo, houve desconfortos entre os dois tucanos.
Logo no início da manhã de ontem, enquanto flertava com Jair Bolsonaro (PSL), Doria afirmou que votaria em Alckmin, seu padrinho político, "em solidariedade". Após o resultado do primeiro turno, ambos foram a locais diferentes. Enquanto Doria anunciava o apoio oficial a Bolsonaro no segundo turno, França visitava Alckmin.
Doria tenta colar França a Lula e Haddad
Com a rivalidade aflorada desde que Doria deixou a prefeitura, em abril deste ano, para concorrer ao governo do estado, França e Doria têm se atacado com frequência. Na manhã desta segunda-feira, o candidato tucano impôs a França um "petismo genérico" e afirmou que vai buscar os eleitores de Paulo Skaf (MDB) com propostas.
"Claramente, temos dois candidatos com posições bem distintas. Márcio França representa a velha política, do toma-lá-dá-cá, esquerdista, petista. É tão vermelho quanto Lula e Haddad, com política populista, esquerdista. Márcio França é um genérico do PT", afirmou Doria.
"Márcio França está citado na Lava Jato em delação da Odebrecht, citado como Márcio Paris. O PSB tem na internet uma defesa de Lula Livre e pede a condenação de Sergio Moro. Sem disfarces, esse é o lado real, verdadeiro. O PSB já manifestou apoio a Fernando Haddad. O PT, através do Luiz Marinho, diz que ter o Márcio França não deixa de ser um alívio. É o campo vermelho, do PT disfarçado em São Paulo", complementou.
Para conquistar os eleitores de Paulo Skaf, que ficou em terceiro lugar, Doria disse que vai sugerir propostas e que não acredita que esses eleitores vão aguardar uma orientação do candidato emedebista. "Nossa estratégia será a mesma do primeiro turno, focar em propostas. Nosso campo é o liberal, defende economia livre, competitiva, para gerar empregos, renda e liberdade", disse.
Voto a Bolsonaro: "não apoio integralmente, votarei contra o PT"
Horas após ter anunciado publicamente apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno contra Fernando Haddad, João Doria amenizou. "Eu não sou igual ao Bolsonaro e não apoio integralmente. Votarei contra PT, Haddad e Lula. Endosso as ideias economicas. Gosto e respeito Paulo Guedes, que tem respeito internacional", disse.
Doria relembrou que teve o pai perseguido pela ditadura militar, mas afirmou não ser uma divergência apoiar um candidato que nem sequer considera a ditadura como tal e que afirmou publicamente ter, como cabeceira, um livro escrito pelo coronel Brilhante Ustra, apontado pela Comissão da Verdade como torturador.
A senadora eleita Mara Gabrilli, que acompanhou Doria pela manhã desta segunda, afirmou que nunca votará no PT, mas disse que, para apoiar Bolsonaro, o candidato do PSL deveria rever muitas de suas posições.
"Ele me convidou para ser vice dele, mas para eu apoiá-lo algum dia, a gente precisa conversar muito e ele precisa rever muitas das posições dele, que são muito opostas das minhas", disse.
Na noite de ontem, enquanto Doria anunciava apoio a Bolsonaro, o único integrante do PSDB que estava ao seu lado e não aplaudiu foi o prefeito da capital, Bruno Covas. Questionado se ele também apoiava o presidenciável do PSL, o prefeito pediu "calma".
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