Wagner diz que no 2º turno "Haddad é o Haddad", e não o substituto de Lula

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

08/10/201822h21 > Atualizada 08/10/201822h44

Reprodução/Twitter/Fernando Haddad

6.out.2018 - Haddad (c) na Bahia durante carreata com Rui Costa (e) e Jaques Wagner

Eleições 2018

O senador eleito pela Bahia Jaques Wagner (PT) afirmou nesta segunda-feira (8) em São Paulo que o segundo turno da eleição presidencial será o momento de o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, ser mais do que o substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidenciável enfrentará Jair Bolsonaro (PSL).

"O Haddad chega no segundo turno muito como a substituição do Lula. Agora, o Haddad do segundo turno é o Haddad", declarou.

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Ex-governador da Bahia e ex-ministro no governo de Dilma Rousseff, Wagner se juntou hoje à coordenação da campanha de Haddad. Ele deve assumir o papel de articulação política para ampliar o leque de apoio ao presidenciável petista.

Wagner deu a declaração depois de dizer que, no segundo turno, Haddad terá a "oportunidade de colocar o que pensa do Brasil" em debates, entrevistas e no horário eleitoral, em que terá mais tempo na comparação com o primeiro turno.

O senador eleito refutou a hipótese de que haveria um descolamento entre Haddad e Lula, dizendo que "a cola não vai descolar nunca".

"Estou dizendo que tem um primeiro momento que foi a transferência [de votos], porque tem um volume de gratidão pelo que o presidente [Lula] fez muito grande, e agora... Ninguém vive só do que foi. Numa eleição, vivem fundamentalmente do que vai ser. Então, agora é a hora de o Haddad dizer 'o meu programa de governo'."

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Wagner também afirmou que não se trata de uma questão de afirmação da identidade de Haddad, pois na sua opinião, o candidato "sempre teve identidade própria".

O tom das falas de Jaques Wagner coincide com o adotado pelo governador reeleito do Ceará, Camilo Santana (PT), em entrevista ao UOL. Para Santana, Haddad "tem de se apresentar como ele [próprio]" no segundo turno.

Apoio de Ciro

O ex-governador baiano não quis caracterizar o fato de Haddad ter desistido da proposta de uma assembleia constituinte, que constava do programa petista, como um gesto exclusivamente direcionado a Ciro Gomes (PDT), que fez da ideia um tema de embate público com o candidato do PT.

Wagner elogiou Ciro, a quem chamou de "um dos melhores quadros brasileiros", e disse ter falado hoje com Cid Gomes (PDT), irmão de Ciro e eleito senador pelo Ceará, mas não deu detalhes da conversa.

"Estou esperando a resposta, mas aí é uma decisão do Ciro e do partido dele", disse.

Em maio, quando Haddad ainda não havia sido confirmado como substituto de Lula, Wagner disse que Ciro poderia liderar uma chapa de esquerda caso o ex-presidente fosse impedido de disputar a eleição. Ao longo da campanha, ele elogiou outras vezes o pedetista por seu perfil "aguerrido".

Apoio até de tucanos

O senador eleito disse acreditar que integrantes do PSDB venham a declarar apoio a Haddad, mas não quis citar nomes. Segundo ele, a candidatura está aberta a nomes de "qualquer partido" que prezem "a democracia e a normalidade institucional", seguindo a linha que vem sendo adotada pela campanha de Haddad de se colocar como fiador da democracia em oposição a Jair Bolsonaro.

"A gente precisa de todo mundo que queira consertar problemas do presente, mas sem necessariamente essa beligerância declarada", disse. "Acho que, na bala, ninguém vai resolver nada."

Durante meses, Wagner foi o nome mais especulado, junto com o de Haddad, para substituir Lula na eleição. O senador eleito disse não se arrepender "nem um pouco" de não ter assumido a candidatura.

"Sou uma pessoa feliz e realizada. Fiz o que eu acredito. Eu acho que o PT precisa de renovação, a política precisa de renovação, a cara do Haddad é disparado muito mais atual do que a minha", disse. "Ele é muito melhor candidato do que eu."