Petista eleito, homônimo de Paulo Guedes sofreu com fake news e perdeu voto
Luiza Oliveira
Do UOL, em São Paulo
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Divulgação
Xará de guru de Bolsonaro, Paulo Guedes foi eleito deputado federal em Minas
Paulo Guedes é um dos nomes mais falados das eleições. O economista ganhou até o apelido de 'posto Ipiranga' por ser o guru na área do candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro. Mas outro Paulo Guedes também esteve diretamente envolvido nessas eleições e acabou prejudicado por ser homônimo do economista. O xará foi eleito a deputado federal pelo PT em Minas Gerais, mas diz que sofreu com as fake news e até perdeu votos pela confusão gerada pelo nome.
O candidato foi o quarto mais votado do estado com 176.841 votos. Ainda assim, durante as eleições, muitas pessoas se confundiram e acharam que o petista havia "trocado de lado" e virado aliado de Bolsonaro. Até os adversários políticos espalharam notícias falsas pela internet dizendo que ele agora estava com o primeiro colocado do primeiro turno e que enfrentará o petista Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial.
O político Guedes, que já foi deputado estadual, concorreu ao pleito representando a região norte do estado de Minas em cidades como Manga e Montes Claros. Na região, que é bem próxima ao Nordeste, a influência do PT é muito grande e Haddad teve mais votos no primeiro turno com uma boa representatividade. O petista foi o mais votado em Manga entre os presidenciáveis, com 61,29% dos votos válidos. Em Montes Claros, Bolsonaro ganhou com 49,95%.
"Eu sofri, perdi muito voto por causa disso. Tive que dar explicações em todas as cidades por onde eu passava. Onde eu não tive tempo de explicar, eu perdi voto. Nessa região do norte de Minas, a expressão do PT é semelhante à da Bahia", afirma.
Muita gente deixou de votar em mim porque achou que eu tinha passado para o outro lado
Com bom humor, Paulo Guedes relembra momentos da campanha em que sofreu por causa do xará
"Os adversários usavam isso. No dia da entrevista do Bolsonaro no Jornal Nacional, eu sofri. Pagaram fake news e usaram a rede social. Na região, todo mundo falava: 'o Paulo Guedes está com Bolsonaro'. Eu gravei vídeos explicando, mas depois que a notícia espalhou é muito mais difícil votar atrás. E o Bolsonaro toda hora falava 'Paulo Guedes, Paulo Guedes'. Para mim foi muito difícil. Mesmo assim eu tive uma votação expressiva como o segundo mais votado."
Agora eleito, Paulo Guedes dá até risada das coincidências e faz questão de deixar claro que a sua visão sobre economia é contrária a do homônimo. O guru de Bolsonaro é considerado um dos principais economistas liberais do país e defende a intervenção mínima do Estado e as privatizações. Ele é cotado como possível ministro da Economia, caso o capitão reformado do Exército saia vitorioso em 28 de outubro.
"Eu acho que as ideias dele são de continuidade do que está aí. Se for colocar em prática o que ele pensa, vamos caminhar cada vez mais para o desemprego e para a falta de oportunidade. Todo o pensamento dele é virado para o mercado financeiro. A gente não sente, não vê nenhuma pregação dele no sentido de fazer o recurso circular, de forma na geração de emprega, renda, redistribuição de renda", conta ele que defende as políticas sociais do PT na era Lula para aquecer a economia.
Guedes, o guru econômico de Bolsonaro, causou polêmica na eleição ao informar em palestra a investidores que pretendia criar um imposto semelhante à CPMF e ainda estipular uma alíquota única de 20% para o Imposto de Renda. Posteriormente, o candidato à presidência negou as informações.
O homônimo petista espera que seu correligionário Haddad saia vitorioso em 28 de outubro, mas brinca com a possibilidade de ver o xará em caso de triunfo de Bolsonaro e o provável anúncio do economista para o ministério. "Vou ter que ir para o Congresso pronto para enfrentar o meu xará", ironiza. Além do mineiro Paulo Guedes, o PT elegeu outros 55 deputados e será a maior bancada da Câmara em 2019. O PSL elegeu 51 parlamentares.
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