França terceiriza apoio a Bolsonaro e foge do "Márcio Cuba" de Doria

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Mauricio Sumiya/Futura Press/Futura

    O candidato ao governo do estado de São Paulo, Márcio França (PSB), visita o Sesi Suzano (SP), nesta quarta-feira (10), acompanhado de Paulo Skaf (MDB)

    O candidato ao governo do estado de São Paulo, Márcio França (PSB), visita o Sesi Suzano (SP), nesta quarta-feira (10), acompanhado de Paulo Skaf (MDB)

O apoio de Paulo Skaf (MDB) à candidatura de Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo reforçou esta semana uma tentativa de o candidato à reeleição se desvencilhar da pecha de "esquerdista" jogada sobre ele já desde o primeiro turno por seu adversário no segundo, João Doria (PSDB).

Com a adesão do emedebista, terceiro colocado na sucessão estadual, agora já são pelo menos duas pessoas aliadas ao ex-prefeito de São Vicente com apoio declarado em Jair Bolsonaro (PSL) na disputa presidencial: a vice dele, a coronel da Polícia Militar Eliane Nikoluk (PR), também é eleitora do candidato do PSL.

A estratégia é atrair os votos dos seguidores do capitão reformado (presidenciável mais votado no estado no primeiro turno), ao mesmo tempo que França anunciou na terça (8) que se manteria neutro na campanha nacional –ainda que a executiva nacional do PSB tenha fechado com Fernando Haddad (PT).

Em um processo de desgaste dentro de seu partido, sobretudo após o duro embate com Alckmin esta semana, Doria tentou estender o verniz ideológico também a Skaf, logo após o emedebista, presidente da Fiesp (Federação das Industrias do Estado de São Paulo), selar a união com França e criticar o caráter do ex-prefeito. O tucano reagiu afirmando que Skaf "já vestiu a camisa vermelha do Márcio França". "Ele é um babaca", retrucou o candidato derrotado ao governo.

Já no primeiro turno, Doria começou a se referir a França como "Márcio Cuba", ainda que o adversário, pelas pesquisas de momento, aparentasse chances remotas de avançar ao segundo turno. Além do "Socialista" na sigla do PSB, o tucano mencionara mais de uma vez o apoio de partidos como PCdoB, aliado histórico do PT, na coligação de 15 partidos do candidato à reeleição.

Ao lado de França em uma unidade do Sesi em Suzano (Grande São Paulo), nessa quarta (10), Skaf foi categórico ao reafirmar o apoio ao capitão da reserva do Exército. Também relembrou posturas recentes de oposição da Fiesp a governos petistas –sobretudo à administração de Haddad na Prefeitura de São Paulo, e no impeachment de Dilma Rousseff, em 2016 –e enfatizou que uma condição colocada a França era que o candidato não declarasse apoio ao PT na sucessão nacional.

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Para o coordenador da campanha de França, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), a adesão de Skaf deve ajudar também na desconstrução de um viés de esquerda para França.

"Acho que é uma tentativa frustrada a do Dória de atrelar a imagem do governador a uma posição de esquerda. França sempre foi um político amplo, e, dentro do próprio partido, ele é conhecido como uma pessoa que tem esse perfil", disse o coordenador. "O apoio do Skaf ajuda em todos os sentidos, sem dúvida", completou.

Ainda sobre Skaf, Donizette explicou que pesquisas qualitativas contratadas pelo partido mostravam que ele seria "um candidato muito identificado com a área da educação, então, o apoio dele agrega muito também por isso".

"Agora é uma nova campanha, zerou tudo no dia 7 de outubro. Agora são os dois. E eu acho que é muito ruim você ser candidato contra alguma coisa --você tem que ser candidato a favor das pessoas --e nesse embate de personalidades, França vai sair vitorioso dos dois lados: de quem tem a simpatia do PT, e de quem tem simpatia pelo Bolsonaro também", estimou Donizette.

"Márcio Cuba"

Questionado nessa quarta se a adesão a Skaf também o ajudava a se desvencilhar do "Márcio Cuba" sistematicamente usado por Doria, França refutou: "Essa é outra brincadeira errada. Minha família, a Giani França, tem vários tios com 80, com 79 anos. Por que ele tem que brincar com o nome das pessoas? É uma brincadeira errada, e só na cabeça dele que a pessoa entende isso", afirmou. "Nem ele acredita nas coisas que fala. Se acreditasse, teria ficado na prefeitura e cumprido seu mandato", concluiu França.

"Convulsão nacional" de Collor e Bolsonaro

Nesta quinta-feira (11), em entrevista à rádio CBN, França voltou a falar em neutralidade, negou que vote no PT, mas evitou responder se isso implica, por exemplo, em votar em Bolsonaro.
O governador e candidato à reeleição também comparou o momento eleitoral de agora com o de 1989, quando Fernando Collor de Mello foi eleito presidente.

"Me lembro quando Collor foi candidato", disse. "Também houve uma convulsão nacional por ele, mas passou", disse. Indagado se via semelhanças entre Bolsonaro e o ex-presidente, hoje senador, França refutou: "Do ponto de vista de convulsão nacional, sim. Mas um é militar, e o outro era um empresário rico, meio deslumbrado", resumiu.

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