Haddad quer investigação sobre dinheiro de 'usina' de fake news contra ele
Irineu Machado
Do UOL, em São Paulo
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Theo Marques/Framephoto/Estadão Conteúdo
O candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) disse haver suspeita de que há dinheiro ilegal na campanha de ataque que está sofrendo nas últimas semanas com a disseminação de informações falsas a seu respeito e sobre seus aliados via Whatsapp e redes sociais.
"Isso precisa ser investigado. Quem é que está fazendo a contratação desse esquema? Quem está botando dinheiro nisso? Tem um custo e não é baixo, e isso não está na prestação de contas dele (do seu adversário no segundo turno, o candidato Jair Bolsonaro, do PSL). Como se explica?", afirmou Haddad ao UOL.
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"Com esta campanha de disseminação de informações falsas, seja qual for o resultado da eleição, o Brasil de qualquer maneira perdeu. O Brasil vai sair desta eleição menor do que entrou", disse Haddad.
Sobre notícia publicada mais cedo com a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em caráter liminar de negar a retirada de "fake news" sobre ele e sua campanha que circulam em grupo privado do Whatsapp (o grupo "aRede - Eleições 2018"), Haddad disse que faltou lembrar das dezenas de vitórias de sua campanha na Justiça sobre informações fraudulentas. "Ao longo da campanha, ganhamos na Justiça a retirada do ar de mais de 60 informações falsas que estavam circulando." Eugênio Aragão, advogado da campanha de Haddad, classifica o grupo como uma "usina de fake news" (leia mais abaixo).
"O TSE está sendo lento"
O candidato petista criticou a lentidão do TSE nas ações contra a avalanche de informações falsas. "O TSE está sendo lento. A gente consegue tirar um vídeo falso do ar depois que ele já está com 3 milhões de visualizações, quando já deve ter sido distribuído para uns 10 milhões. De onde vem o dinheiro que forçou essa distribuição?"
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Haddad vê semelhanças entre os ataques contra sua campanha ao que ocorreu na eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. "A campanha de Trump criou vários fantasmas e mentiras e os espalhou entre os eleitores. Estamos vendo a mesma coisa aqui. Estão espalhando que criança de 5 anos vai virar propriedade do governo, que o meu relógio custa 100 mil euros...", disse. Ele associou a comparação do modelo de disseminação de fake news a uma suposta ligação da campanha de Bolsonaro com o ex-estrategista de Trump, Steve Bannon, ligado a movimentos supremacistas. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair Bolsonaro, esteve com Bannon em agosto.
"Estamos vendo uma campanha que se explica por si só. Minha campanha jamais usaria um artifício de inventar e espalhar mentiras. Estamos sofrendo ataques diários desse tipo. Estou tendo que lutar pela integridade moral contra uma prática como esta", afirmou o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação.
Advogado da campanha vê "usina de fake news" no Whatsapp
O advogado da coligação de Haddad, o jurista Eugênio Aragão (ex-membro do Ministério Público Federal e ex-ministro da Justiça), afirmou que a campanha iria recorrer da decisão do TSE sobre a remoção de conteúdos falsos do grupo "aRede - Eleições 2018" no Whatsapp. Sobre a decisão da Justiça Eleitoral, ele disse: "O relator Salomão (o ministro do TSE Luis Felipe Salomão) se atravessou completamente com o argumento de que estava garantindo a livre manifestação das pessoas. No momento em que há uma produção e divulgação desses conteúdos de forma maciça, deixa de ser uma conversa particular e passamos a ver uma 'usina de fake news'."
"Vamos insistir (no recurso), porque se for essa a decisão, temos uma situação de espaço franco para divulgar mentiras sem nenhum controle", afirmou.
Aragão disse ser difícil quantificar o total aproximado de informações falsas contra a campanha de Haddad, mas declarou que "a produção ocorre de forma maciça". "A Justiça tira um do ar, aparecem tantos outros, em quantidade enorme", disse.
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