"A Venezuela chegará se a gente perder a eleição", diz Jaques Wagner

Ana Carla Bermúdez

DO UOL, em São Paulo*

  • CASSIANO ROSÁRIO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

    11.out.2018 - Ex-ministro e ex-governador Jaques Wagner (PT), senador eleito pela Bahia

    11.out.2018 - Ex-ministro e ex-governador Jaques Wagner (PT), senador eleito pela Bahia

Articulador político da campanha de Fernando Haddad (PT), o senador Jaques Wagner (PT) afirmou nesta segunda-feira (15) que o Brasil pode virar uma espécie de Venezuela se o partido perder a eleição presidencial para seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL).

"Em 13 anos de governo do PT, a gente nunca trouxe a Venezuela para cá. Isso é papo. É só mais um clichê para tentar nos desgastar", afirmou Wagner. "A Venezuela chegará se a gente perder a eleição", complementou.

A ideia de que o Brasil pode viver um regime autoritário, aos moldes do país venezuelano, vem sendo ventilada pela campanha de Bolsonaro e é utilizada pelo pesselista para criticar o PT.

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Wagner, no entanto, minimizou o fato de o PT, tradicionalmente, apoiar o governo de Nicolás Maduro.

"O que a gente apoiou foi a autodeterminação dos povos. Que ninguém tinha que meter a mão para dizer como o povo venezuelano tinha que fazer. Mas nós nunca batemos palma", disse.

Na semana passada, o PT retirou do ar links que estavam no site oficial do partido com manifestações de apoio à Venezuela e ao governo de Maduro.

Na avaliação de Wagner, o apoio do PT à Venezuela foi resultado um "jogo dicotômico" entre quem queria e não queria "derrubar" Maduro. "Então, nós alinhamos com quem estava eleito pelo voto. Foi nesse sentido", afirmou.

Em entrevista ao blogueiro do UOL Leonardo Sakamoto publicada nesta segunda, Haddad afirmou ser contrário a qualquer regime totalitário, seja de direita ou de esquerda.

"Não acredito em regime de força. Meu adversário é que tem que responder à questão do porquê, até hoje, enaltece a tortura, a cultura do estupro, porque havia estupro nos cárceres da ditadura, e por que ele é tão violento na solução de conflitos, por que se recusa a promover o diálogo. Para mim, regime autoritário é um regime errado de antemão. Não teria problema de questionar qualquer governo da América Latina, inclusive o dele [Nicolás Maduro]", declarou o candidato.

Busca por apoio e recado de Lula

Wagner disse, ainda, que Bolsonaro "não conhece" o Brasil e o classificou como "pior que o Collor", em referência ao ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Questionado sobre as pesquisas de intenção de voto, que mostram Bolsonaro à frente de Haddad, Wagner disse ter "muita" esperança de uma vitória no segundo turno.

"Eu tenho muita [esperança], porque as coisas vão ficando cada dia mais transparentes, quem ele representa", afirmou Wagner.

O senador disse também que vai manter as conversas em busca de apoio para a candidatura de Haddad. Admitiu, inclusive, a possibilidade de o partido renunciar a ter candidato em 2022 para apoiar outra legenda.

"Depois do Haddad [em 2022], tem que ser do PT? Na minha opinião, não. Mas primeiro tem que ganhar a eleição", sinalizou o senador eleito, que pediu apoio até de quem tem restrições ao Partido dos Trabalhadores. "Não precisa ser apaixonado pelo PT, pode até ter raiva do PT."

Ele relatou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não quer mais que petistas o chamem de inocente, mas sim que cobrem que "alguém bote as provas na mesa". O senador visitou Lula na sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde o petista está preso desde abril, na última quinta-feira (11).

Perguntado se se arrependia de não ter aceitado ocupar a cabeça da chapa petista depois que a candidatura de Lula foi barrada pela Justiça Eleitoral, Wagner disse que não.

"Tanto faz quem fosse o candidato. A disputa não é necessariamente da pessoa física, é o que está na cabeça das pessoas, de raiva da política. Não tenho nenhum arrependimento".

* Com Estadão Conteúdo

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