Witzel fala em "desespero" de Paes, que provoca: "você não é o Moro"

Gabriel Sabóia e Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

  • Marcello Dias/Folhapress

    18.out.2018 - O candidatos Witzel e Paes em debate da Band na semana passada

    18.out.2018 - O candidatos Witzel e Paes em debate da Band na semana passada

Na última semana da disputa pelo governo do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) e Eduardo Paes (DEM) voltaram nesta segunda-feira (22) a se atacar e a trocar acusações sobre relações e alianças com investigados por diferentes crimes no debate da "Rádio CBN" em parceria com o portal "G1".

Questionado por Witzel sobre aliança com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) -- preso desde novembro de 2016 e condenado a mais de 180 anos de prisão-- e sobre material de campanha distribuído em Maricá, na região metropolitana, em que Paes aparece ao lado do presidenciável Fernando Haddad (PT), a quem o democrata não explicitou apoio, o ex-prefeito respondeu:

"O mano a mano é eu e você. O que você diz não condiz com a realidade. Você é um falso caçador de bandidos e candidato do Marcelo Crivella [PRB]. Ninguém conhece a sua atuação contra o crime. Você não é o juiz [Marcelo] Bretas, não é o [Sergio] Moro. É uma figura irrelevante. Quem anda com o advogado do Nem da Rocinha e troca 'zap zap' com ele é você, quem é empregado do Pastor Everaldo [PSC], quem anda com o [empresário] Mário Peixoto é você. Pare de tentar imputar a mim, crimes dos outros", disse Paes.

Em sua tréplica, o ex-juiz federal disse que Paes está desesperado diante da possibilidade de perder a disputa. "A resposta mostra a sua arrogância, você acha que é eterno na política. Você é um politico fracassado, tenta manter no poder uma gangue que foi montada nesse estado e cujos filhos você tenta perpetuar na política. Você não será governador. Está em declínio, como político fracassado que é. Será condenado ao ostracismo da política", afirmou Witzel.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (18), Witzel aparece com 61% dos votos válidos (que desconsidera nulos, brancos e indecisos) contra 39% do ex-prefeito Paes. Na quarta (17), o Ibope divulgou cenário semelhante, com Witzel com 60% e Paes com 40% dos votos válidos.

O tom entre os dois candidatos voltou a subir quando o assunto foi a situação fiscal do Rio de Janeiro. Paes afirmou que Witzel "nunca administrou nada na vida e, até o momento, só foi visto ensinando outros juízes a acumular auxílios e ganhar R$ 4.000 por fora", em referência a vídeo em que Witzel instrui magistrados, durante uma palestra, a afastar juízes substitutos e receber o benefício.

Na resposta, Witzel citou depoimento prestado pelo ex-secretário municipal de Obras Alexandre Pinto, no âmbito da Operação Lava Jato, em que o associava o ex-prefeito ao recebimento de propina nas obras de construção do BRT Transoeste.

"Alexandre Pinto disse que Paes o ensinava a fazer falcatruas, ganhando 1,75% nas obras. Ele tem que explicar isso aí, essas obras superfaturadas", afirmou o candidato do PSC. Paes disse que o depoimento prestado por seu ex-secretário se baseia em "disse-me-disse".

Apoios 

Ao ser acusado de ser "empregado" do Pastor Everaldo (PSC), Witzel questionou o motivo de Paes ter ido pedir votos a ele, antes do início das eleições. "Conversamos no início do ano. É natural políticos conversarem", afirmou Paes.

O democrata disse que não é natural Witzel ter relações pessoais com o advogado Luiz Carlos Azenha, que foi flagrado transportando o traficante Nem da Rocinha dentro do porta-malas de um carro durante uma fuga da favela, em 2011.

Witzel voltou a afirmar que Azenha seria apenas um ex-aluno que não estaria vinculado à sua campanha. Mas foi questionado por Paes sobre reportagem da revista "Veja" na qual Azenha disse que teria participado da campanha e que Witzel lhe teria prometido um cargo em um eventual governo.

Segurança causa mais desavenças

Paes e Witzel divergiram sobre políticas para tentar solucionar os problemas de segurança pública do Rio.

O ex-prefeito afirmou que a criação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em favelas da capital a partir de 2008 não estava inserida em uma política de segurança para o estado. Por isso, criminosos migraram para cidades do interior, como Angra dos Reis, Paraty, Araruama, Arraial do Cabo, Volta Redonda e Barra Mansa --que tiveram aumento nos índices de criminalidade.

Paes afirmou que a solução para o problema é o aumento do efetivo dos policiais em patrulhamento ostensivo, mas foi contestado por Witzel --que atribuiu o aumento da violência à "falência da investigação da Polícia Civil" e a suposta ausência de investigação de crimes de lavagem de dinheiro.

"Não adianta colocar policial na rua", disse Witzel, que havia afirmado em debates anteriores que quer contratar 3.000 novos policiais já em janeiro de 2019. "Com que autoridade um amigo íntimo do advogado do Nem vem dizer isso?", ironizou o candidato do DEM.

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