De olho em presidência da Câmara, Maia encontra com bancada da bala no Rio

Gustavo Maia e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

  • Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo

Em aceno à candidatura do presidenciável e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez na manhã desta terça-feira (23) um movimento para agradar a Frente Parlamentar da Segurança Pública da Casa, popularmente conhecida como "bancada da bala", ao visitar integrantes do grupo em um hotel no Rio de Janeiro.

Os parlamentares se dirigiram em seguida, sem Maia, para a casa de Bolsonaro, em um condomínio de luxo na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade, onde chegaram pouco antes do meio-dia para declarar apoio ao candidato. A iniciativa do presidente da Câmara visa garantir sua recondução ao comando da Casa, ocupado por ele desde julho de 2016.

A bancada é coordenada pelo deputado Alberto Fraga (DEM-DF) e tem Maia e Bolsonaro como dois dos seus 299 integrantes. Segundo Fraga, que concorreu ao governo do Distrito Federal e foi derrotado no 1º turno, o presidente da Câmara "sinalizou" que vai colocar em votação, ainda esse ano, alteração em itens do Estatuto do Desarmamento.

O deputado afirmou ainda que a ideia é "atender a uma promessa de Bolsonaro". Devem ser votados após o segundo turno das eleições, portanto, a concessão do "porte rural", possibilitando a posse de armas dentro dos limites das propriedades no campo, e a retirada da exigência de comprovação da necessidade da compra, decidido por delegados da Polícia Federal.

"[Hoje] fica ao arbítrio do delegado. Então é ele que decide. Se ele gostar de mim, concede. Se não gostar de mim, não concede. Os requisitos permanecer: não ter antecedente, curso de tiro, [teste psicoténico]", explicou Fraga.

Ainda o parlamentar, Maia foi ao hotel que serviu de base para os deputados da bancada da bala para se colocar à disposição de participar da visita, mas depois achou que não era o momento de aparecer. "Ele também é da frente, mas não quis participar porque é presidente da Câmara e pode ter outra interpretação", comentou.

A reportagem do UOL abordou Maia após o café da manhã e ele disse que não iria à casa de Bolsonaro porque viajaria ao interior do estado. Questionado se declarou apoio ao presidenciável, ele se limitou a mostrar o polegar da mão para o alto, em sinal de positivo, e deu as costas, caminhando com rapidez para o carro que o aguardava na frente do hotel.

Durante o encontro com os deputados, alguns membros do grupo conversavam informalmente com Rodrigo Maia, sinalizando apoio à sua reeleição na próxima legislatura. Exaltavam a sua experiência no posto enquanto ele ouvia, sorrindo. "Já pensou debate entre Alexandre Frota (PSL-SP) e Jean Wyllys (PSOL-RJ)?", questionou um participante da reunião.

"A Joice Hasselman (PSL-SP) já disse que vai meter a mão na cara da Maria do Rosário (PT-RS). Agora imagina você botar um cara sem experiência [na presidência da Casa]. Botar um Kim Kataguiri (DEM-SP)", completou Fraga, que estava sentado ao lado de Maia.

Questionados pela reportagem, diversos integrantes do grupo negaram que a intenção do encontro seja defender a reeleição de Maia. Disseram se tratar apenas de uma declaração de apoio, assim como as que já foram oferecidas pelas bancadas evangélica e agropecuária.

Aliado de Maia, o deputado federal Pauderney Avelino (DEM-AM), que não foi reeleito este ano, disse que o presidente da Câmara já apoia Bolsonaro.

Após o encontro, Lorenzoni deu a entender que Bolsonaro foi pego de "surpresa" com a visita dos parlamentares da bancada da bala. O deputado gaúcho, cotado para ocupar a Casa Civil em um eventual governo pesselista, afirmou que o presidenciável "não queria largar a turma" nem para almoçar e tomar remédio.

"Essa [surpresa] é muito importante para ele porque, durante quase 28 anos na Câmara, trabalhou ao lado desse grupo pela segurança pública do Brasil. (...) Ele ficou muito feliz. Tinha que tomar remédio, almoçar, tem horário para fazer as coisas. Ele não queria largar a turma porque esse é o time mais próximo do coração dele por tudo que fizemos ao longo dos últimos anos."

Fraga destacou que, na Câmara, Bolsonaro foi um membro "genuíno" do grupo político. "É uma forma de a gente declarar o nosso apoio incondicional ao Bolsonaro, juntamente com a frente da família. Até porque ele é genuinamente dessa frente. Estamos juntos há quase 30 anos."

Por volta das 13h15, um grupo de 17 prefeitos chegou ao condomínio de Bolsonaro para encontro intermediado por Lorenzoni. Segundo o deputado gaúcho, essa era a "segunda surpresa do dia". Na versão dele, cerca de 3.600 prefeitos de cidades brasileiras manifestaram apoio à candidatura de Bolsonaro.

Fraga também disse que o café da manhã com o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se resumiu a conversas sobre a pauta do Legislativo federal até o fim do ano. Um dos temas centrais de interesse do grupo político pró-Bolsonaro é a flexibilização do Estatuto do Desarmamento.

"É uma bandeira de campanha de todos nós. Ele [Maia] se comprometeu a pautar com apenas um item: nós vamos retirar a necessidade comprovada do estatuto do desarmamento. Temos até uma proposta de reduzir o número de armas. Não é nada de forma açodada. Esse acordo já foi feito antes das eleições. Já estava previsto e cobramos hoje nesse café da manhã."

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos