Bolsonaro é alvo de protestos 2 dias após eleição; ato em SP tem conflito

Do UOL, em São Paulo

  • Dario Oliveira/Estadão Conteúdo

    Manifestantes realizam protesto de "resistência" ao governo eleito de Jair Bolsonaro (PSL) na Avenida Paulista, em São Paulo

    Manifestantes realizam protesto de "resistência" ao governo eleito de Jair Bolsonaro (PSL) na Avenida Paulista, em São Paulo

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) foi alvo de protestos nesta terça-feira (30), apenas dois dias depois de sua eleição para o cargo. Opositores convocaram manifestações em pelo menos seis capitais - São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza e Recife - com o mote de "resistência" ao futuro governo, que veem como um risco à democracia e à manutenção de direitos.

Em São Paulo, o protesto foi convocado pela Frente Povo Sem Medo e pela Frente Brasil Popular, organizações formadas por movimentos sociais e centrais sindicais. O ato saiu do vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, e ocupou uma faixa da via, rumo à praça Roosevelt, na região da Consolação. Segundo a organização do ato, 30 mil pessoas compareceram. A Polícia Militar não divulgou números.

No fim da noite, pouco antes das 23h, diversos relatos de bombas e gritaria no centro de São Paulo começaram a ser publicados nas redes sociais.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a PM informou que equipes do Choque atuaram para liberar as vias próximas à praça Roosevelt após serem alvo de garrafas com coquetel molotov lançadas pelos manifestantes. Ainda de acordo com a assessoria da corporação, uma pessoa foi detida.

A PM não soube informar se houve feridos e nem o número de carros da polícia e oficiais deslocados para a operação.

"Ele não"

Ao longo do protesto, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra Bolsonaro, como "Ele não, ele nunca, ele jamais", retomando o lema "Ele não" dos atos organizados por mulheres contra o presidente eleito durante a campanha eleitoral, além de frases como "Não tenho medo" e "Ninguém vai se render".

Apesar do "Ele não", Guilherme Boulos, que disputou a Presidência pelo PSOL e discursou no ato, descartou que o protesto fosse uma contestação ao resultado da eleição. 

"As eleições acabaram no domingo, mas as fake news continuam. Nós lançamos esse ato de resistência democrática e eles se apressaram em dizer que a gente não reconhecia o resultado das eleições, que nós éramos maus perdedores", disse. "Nós reconhecemos, sim, o resultado das eleições. Nós não somos o Aécio Neves em 2014".

Eleito deputado federal pelo PSDB mineiro este ano, Aécio perdeu a eleição presidencial para Dilma Rousseff (PT) em 2014, e seu partido pediu uma auditoria na votação. Um ano depois, o PSDB concluiu que não houve fraude na eleição. 

Boulos também afirmou que Bolsonaro "se elegeu presidente do Brasil, não imperador do Brasil, não dono do Brasil", e que por isso tem que respeitar "as liberdades democráticas, a liberdade de manifestação, a de expressão." O político do PSOL criticou diretamente a declaração do presidente eleito no sábado (28), de que "bandidos vermelhos" iriam "para fora ou para a cadeia".

"Tem que respeitar as oposições, e não dizer que vão para a cadeia ou para o exílio. Nós não vamos para cadeia ou para o exílio, vamos para a rua, que é nosso lugar de lutar por direitos e pela democracia", afirmou.

Boulos também disse que a oposição não aceitaria uma reforma da Previdência "que retire aposentadoria do povo", nem a criminalização dos movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), do qual Boulos é um dos líderes. Bolsonaro já disse que todas as "ações" destes dois movimentos devem ser consideradas como "terrorismo".

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