Reforma da Previdência

Maioria dos deputados que votaram por reforma da Previdência não se reelege

Adriana Fernandes

Em Brasília

  • Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Mesmo tendo ficado à margem nas discussões eleitorais do primeiro turno, o fracasso da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados reverberou nas urnas. Dos 23 parlamentares que votaram a favor da Proposta de Emenda à Constituição, que modifica as regras para concessão de aposentadoria e pensão na Comissão Especial da reforma, apenas cinco continuarão no Congresso pelos próximos quatro anos. Já dos 14 que votaram contra, 10 conseguiram se reeleger.

Durante a tramitação da PEC, era recorrente o alerta dos opositores da reforma sobre o risco de derrota das urnas nas eleições deste ano. Muito parlamentares favoráveis à reforma disseram na época que votariam contra a proposta pela proximidade com as eleições.

A aprovação da reforma da Previdência na Comissão Especial ainda em 3 de maio de 2017 por uma ampla margem - 23 a 14 votos - sinalizava o caminho aberto para a votação da PEC no plenário. Mas o vazamento de áudios de conversas entre o presidente Michel Temer e do dono da JBS, Joesley Batista, 14 dias depois, acabou sepultando as tentativas de votação do texto.

Passados 17 meses daquela votação na comissão, a maioria dos deputados que garantiram a vitória do governo não conseguiu vencer nas urnas. O relator da reforma, Arthur Maia (DEM-BA), é um dos poucos que receberam mais um mandato dos eleitores. Os outros reeleitos foram Bilac Pinto (DEM-MG), Magda Mofatto (PR-GO), Junior Marreca (Patriotas-MA) e Vinicius Carvalho (PRB-SP).

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Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou que a lista dos derrotados nas urnas é extensa, formada por 14 deputados, incluindo um dos principais nomes da "tropa de choque" de Temer na Casa, Darcísio Perondi (MDB-RS).

Outros cinco integrantes nem chegaram a concorrer nas eleições deste ano. Alexandre Baldy (PP-GO) e Carlos Marun (MDB-MS), porque ocupam, respectivamente, os Ministérios das Cidades e da Secretaria de Governo. Já Reinhold Stephanes (PSD-PR), Evandro Gussi (PV-SP) e Thiago Peixoto (PSD-GO), optaram por não disputar um novo mandato.

'Injustiça'

Para o presidente da Comissão Especial na época, o atual ministro da Secretaria de Governo, Marun, foi uma "evidente injustiça" a derrota nas urnas dos apoiadores da reforma.

"Talvez não tenha havido entendimento sobre a necessidade de aprovação da reforma", avaliou. Segundo ele, se a reforma tivesse sido aprovada, as pessoas teriam vivido uma melhoria econômica.

O ministro disse que só vai ser possível colocar o texto em votação se o presidente eleito tiver disposição e também entender a reforma como necessária. "Existe a nossa disposição. O presidente Temer gostaria de aprovar a reforma. Não vamos, logo após uma eleição, avançar numa atitude, numa área tão nervosa como essa, sem que haja respaldo", afirmou. "Quem quiser governar com responsabilidade vai ter de fazer a reforma. Se conseguir fazer este ano vai ter ganho no ano que vem", completou.

Para a equipe de Temer, a incoerência entre os responsáveis pela economia no programa de Bolsonaro e os aliados políticos do capitão reformado é um impedimento à aprovação do texto que coloca, por exemplo, a exigência de idade mínima de 65 anos (homens) e 62 (mulheres) para se aposentar no País, com um regra de transição de 20 anos. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

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