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Beto Richa nega que irá driblar súmula do STF para manter primeira-dama na prefeitura

Marcus Vinícius Gomes<br>Especial para o UOL Notícias<br>De Curitiba (PR)

22/10/2008 16h51

Reeleito no primeiro turno com 77% dos votos válidos, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), negou nesta quarta-feira (22), por meio de sua assessoria, que irá criar uma secretaria para abrigar a sua mulher, Fernanda Richa, em um cargo na nova administração.

A declaração foi uma resposta ao deputado estadual Tadeu Veneri (PT), que acusou aliados do tucano de tentarem burlar a súmula vinculante do STF (Supremo Tribunal Federal), que proíbe a contratação de parentes até terceiro grau na administração pública, para garantir a permanência da primeira-dama na FAS (Fundação de Ação Social), através da criação de uma secretaria especial que burlaria a determinação do Supremo.

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A prova, segundo o petista, seria o movimento "Fica Fernanda Richa!" - em referência ao slogan "Fica, Beto!" utilizado na campanha do tucano - cujo objetivo principal seria ganhar apoio popular à decisão, com o recolhimento de assinaturas.

"Colocar ela (Fernanda) numa secretaria é um deboche para a população. É o que o governador (Roberto Requião) fez com a Maristela (mulher de Requião) e está fazendo com o Eduardo (irmão do governador): transformou-os em secretários especiais. Eu estou aguardando uma manifestação do prefeito e o povo espera que a lei seja cumprida", disse o petista.

O secretário de Comunicação Social da prefeitura, Deonilson Roldo, disse nesta quarta-feira (22) que não se cogita essa possibilidade. "A Procuradoria Geral do Município está analisando o caso e, se concluir que Fernanda Richa não poderá ser nomeada para o cargo, ela atuará como voluntária. O que importa não é o salário, mas o trabalho realizado", argumentou.

No caso do irmão do prefeito, José Richa Filho, o Pepe, que ocupou a Secretaria de Administração até junho deste ano, Roldo admitiu que ele deverá ser mantido no cargo no novo mandato do prefeito, uma vez que se trata de cargo político. "Não há motivo para que ele não permaneça na equipe".

Acomodação
Questionado ainda sobre a distribuição de cargos para os 11 partidos que participaram da coligação que reelegeu Richa, Roldo disse que o compromisso firmado tratou de uma proposta de governo e não da criação de "feudos partidários".

Segundo ele, a renovação dos cargos de primeiro escalão, como já antecipou Beto Richa em entrevista divulgada após a vitória no primeiro turno, deve ser mínima e se limitar a ajustes em alguns setores.

"O prefeito reconhece que essa equipe que aí está tem participação no resultado eleitoral e na aprovação recorde que sua administração obteve", assinalou ele.