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Câmara do DF lê carta-renúncia, e Paulo Octávio deixa governo; aliado de Arruda assume

Do UOL Notícias*<br>Em Brasília

23/02/2010 17h30

Atualizada às 20h15

Logo após desfiliar-se do Democratas para não ser expulso do partido, o governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio Alves Pereira, renunciou ao cargo nesta terça-feira (23). Paulo Octávio cogitou renunciar na última quinta-feira, mas recuou para tentar, sem sucesso, apoio dos deputados distritais e do DEM para governar. Ao todo, ficou apenas 12 dias no cargo. 

A íntegra da carta-renúncia foi lida pelo vice-presidente da Câmara Legislativa do DF, Cabo Patrício (PT). A carta já estava redigida pelo menos desde a semana passada.

"Dediquei-me, nos últimos dias, a realizar consultas junto a líderes partidários dos mais variados matizes. Busquei a interlocução com figuras representativas da sociedade. As negociações apenas tornaram mais claras para mim as dificuldades de garantir, neste momento, a tão necessária governabilidade para o Distrito Federal", disse em carta Paulo Octávio.

"Permanecer no cargo, nas circunstâncias que chamei de excepcionais, exigiria a criação de condições também excepcionais", continuou o ex-governador, que citou ainda a falta de respaldo do próprio partido. 

O vice-governador Paulo Octávio havia assumido a cadeira do titular José Roberto Arruda (sem partido) quando este foi preso no último dia 11 de fevereiro, acusado de participação de tentativa de suborno de uma testemunha do chamado mensalão do DEM, o esquema de enriquecimento ilícito e pagamento de propina a políticos por empresas de informática que tinham contratos no governo do DF, de acordo com investigação da Polícia Federal.

Assume o cargo máximo do Executivo do DF o presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR), próximo de Arruda.

Lima nasceu em 1953, em Ceres (GO). O distrital está no terceiro mandato e, em 2006, foi reeleito com 8.983 votos. Desde os 15 anos, mora na cidade de Gama.

O deputado foi seminarista na década de 1960 e estudou música na UnB (Universidade de Brasília). O distrital costuma contar que trabalha desde a adolescência e já vendeu picolés, foi frentista, mecânico, lanterneiro, pintor, balconista e cobrador de ônibus.

O deputado foi eleito pela primeira vez em 1998 pelo PSD. No governo Joaquim Roriz (PSC), Lima ocupou a subsecretaria de Alimentação e Promoção Social da Secretaria de Solidariedade em 2002. Além do PSD e PR, o distrital já foi filiado ao PTB, PMDB e Prona.

No último dia 2 de fevereiro, Lima foi eleito presidente da Câmara Distrital após a saída de Leonardo Prudente (sem partido), acusado de envolvimento no mensalão do DEM. O deputado ocupava a Primeira Secretaria.

Octávio deve deixar política
Paulo Octávio é citado nas investigações e nega envolvimento no esquema d~e propinas. Após a prisão de Arruda, o DEM pediu que todos os filiados deixassem o governo do DF. Sem apoio de antigos aliados e do próprio partido, Octávio optou pela desfiliação seguida pela renúncia. Ele é alvo de quatro de pedidos de impeachment na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Paulo Octávio deve deixar a política para se dedicar apenas às empresas dele, muitas delas com contratos com o governo. "Saio da cena político e me incorporo às fileiras da cidadania", escreveu na carta-renúncia.

 Reportagem da Folha de S.Paulo publicada na semana passada mostra que o governo do DF pagou ao menos R$ 10,4 milhões para empresas do empresário veicularem publicidade oficial. O valor se refere aos últimos três anos, quando ele já era vice de Arruda. Octávio disse, por meio de seu advogado, que deixou o comando de todas as suas empresas quando foi eleito vice-governador na chapa de Arruda, em 2006.

Eleito em 2006 na chapa dos Democratas, Paulo Octávio Alves Pereira também presidia, desde 2008, a Regional do DEM-DF, cargo do qual se licenciou quando assumiu o governo.

Ao tomar posse como vice, Octávio também deixou o mandato de senador, cujo cargo ficou para o primeiro-suplente, Adelmir Santana (DEM-DF). Octávio foi eleito por duas vezes deputado federal, em 1990 e 1998, e eleito senador pelo Distrito Federal em 2002.

Como empresário, ele é dono de um dos maiores grupos de construção civil do Centro-oeste que leva seu nome, fundado em 1975. Segundo os números oficiais da empresa, a Paulo Octávio Investimentos Imobiliários contabiliza 38 mil imóveis entregues e tem 400 mil clientes no Distrito Federal com seus 2,7 milhões de m² de obras construídas.

O mineiro de Lavras é casado com Anna Christina Kubitschek Barbará A. Pereira, neta do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek, com quem tem dois filhos.

Prisão de Arruda
A prisão de Arruda foi decidida pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e referendada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello na semana passada.O STF ainda vai analisar o mérito do habeas corpus impetrado pela defesa de Arruda, prolongando a permanência dele na prisão.



*Com informações da Folha Online