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Político mineiro não sente saudades de palácios, diz Itamar Franco em entrevista à TV

Do UOL Notícias

Em São Paulo

12/01/2011 22h48

"Não nos acostumamos em palácios, democraticamente, acabou o mandato, temos que passar para o próximo. O político mineiro dificilmente sente saudades de palácios. Quando a gente sente saudades do poder é difícl, é complicado", foi como definiu o dia seguinte ao deixar a Presidência da República o ex-presidente do país e senador eleito por Minas Gerais, Itamar Franco em entrevista a GloboNews, na série "Profissão: ex-presidente", veiculada na noite desta quarta-feira (12).

Itamar Franco foi presidente da República por pouco mais de dois anos, após a renúncia de Collor, em 1992. Questionado se fica chateado quando as pessoas vinculam o Plano Real a FHC, que era ministro da Fazenda na ocasião, Itamar conta que no começo sim, mas hoje em dia não e relembra outras conquistas de seu governo.

"Não foi só o Plano Real, encontramos um país com baixo-astral, que havia sofrido um impeachment de um presidente. Havia um temor, qual foi a minha satisfação além do Plano Real? Terminar o governo democraticamente, eu consegui passar a faixa presdiencial ao candidato que era do governo, e sem usar a máquina", ressalta.

O político mineiro contou que no dia em que assumiu a presidência convocou uma reunião com todos os presidentes de partido e propôs convocar novas eleições presidenciais, segundo Itamar, eles não quiseram. "Fiquei surpreendido com a decisão do Congresso", conta. "Todas as minhas lembranças [do poder] são muito boas", finaliza.

A emissora veicula entrevistas com todos os presidentes da República de redemocratização, nesta segunda (10) Sarney falou à emissora, na terça (11) foi a vez de Collor, e nesta quinta (13) Fernando Henrique Cardoso será entrevistado.

Vida política

Itamar ingressou na política pelo MDB, partido pelo qual foi eleito prefeito de Juiz de Fora (MG) em 1966 e 1972 e senador por Minas Gerais em 1974 e 1982. Foi vice-presidente da República em 1989, no governo de Fernando Collor de Mello, e assumiu a presidência durante o processo de impeachment. Com a renúncia de Collor, em dezembro de 1992, permaneceu no cargo até o final do mandato.

Sua administração foi marcada pelo lançamento do Plano Real, em 1º de março de 1994. Estabelecido pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o plano promoveu a queda da inflação, e no primeiro trimestre de 1994, a atividade econômica cresceu em proporções comparáveis apenas ao início da década de 1980, verificando-se um grande aumento do consumo, apesar da manutenção das altas taxas de juros.

A estabilidade econômica deixou o governo com alto índice de aprovação popular, e Fernando Henrique Cardoso passou a ser apontado como um dos nomes favoritos da disputa presidencial. Cardoso afastou-se do governo Itamar em abril de 1994 para disputar as eleições, sendo eleito já no primeiro turno, com 54,3% das intenções de votos.