Justiça decreta prisão de dois suspeitos de morte de jornalista no MA; polícia adota sigilo
A Justiça do Maranhão decretou a prisão de dois suspeitos da participação no assassinato do jornalista Décio Sá, morto a tiros em um bar da orla de São Luís, na noite de última segunda-feira (23). A informação foi repassada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Maranhão em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (27).
Os pedidos de prisão foram feitos pela Polícia Civil, após depoimento e investigações preliminares. O período de detenção é de 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes, os detalhes que levaram aos pedidos de prisão e os nomes dos suspeitos não serão repassados até que existam provas contra eles.
“Outras pessoas já foram conduzidas à polícia para serem interrogadas e estamos investigando. Evidente que se solicitamos a prisão preventiva dessas pessoas, acreditamos que elas tenha alguma participação. Mas ainda não existe nada comprovado”, afirmou, dizendo ainda que Polícia Federal está colaborando com as investigações.
O secretário afirmou ainda que a polícia já está com imagens de câmeras de segurança de imóveis nas proximidades do local do crime e que registraram a fuga dos assassinos. “Várias imagens já foram recolhidas, mas a maioria é de baixa qualidade, são câmeras de residências. Os peritos estão tentando um tratamento digital, para melhorar essa qualidade, o que leva tempo. As prisões foram baseadas nas imagens”, disse.
O “profissionalismo” dos autores do crime estaria sendo comprovado nas investigações realizadas até o momento. Segundo o secretário, o exame de balística aponta que os projéteis utilizados pelo assassino eram de quatro lotes diferentes.
“Já duas das balas eram sem identificação de lotes. Isso foi feito para dificultar a investigação e mostra que quem praticou o crime sabia o que estava fazendo”, adiantou, ratificando que o crime foi minunciosamente planejado, desde a escolha do local de execução até a rota de fuga.
O secretário disse ainda que “toda a polícia” está empenhada “24 horas por dia” na elucidação do crime. Mendes ainda fez um apelo para que as testemunhas se apresentem à polícia e ajudem nas investigações.
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“Há uma divergência sobre a versão do que ocorreu dentro do bar. Essas pessoas são fundamentais. Queria que essas pessoas, de maneira sigilosa, procurassem a polícia. Havia um casal muito próximo, outro rapaz também estava perto. Essas testemunhas são fundamentais.”
Por conta da divulgação de informações e especulações na imprensa, o secretário informou que não serão mais repassadas informações sobre as investigações do caso.
“Temos inúmeras provas técnicas, que estão sendo analisadas ao mesmo tempo, precisamos de tranquilidade para as oitivas e comprovação da perícia. Essa vontade da imprensa de colher informações tem comprometido o trabalho dos profissionais. Por isso, vamos decretar sigilo das investigações. Quando tivermos algo concreto a ser repassado, chamaremos os jornalistas para divulgar. Qualquer informação agora compromete a investigação. Estamos sofrendo com informações de desencontradas.”
Para a polícia, o caso é tratado como complexo e de difícil elucidação. “É um quebra-cabeça de 22.700 itens que está sendo analisado. É um crime complexo, e qualquer divulgação de informações pela imprensa é prejudicial”, completou, informando que o comando das investigações saiu da Delegacia de Homicídios para a Seic (Superintendência Estadual de Investigações Criminais).
O caso
O jornalista estava sozinho em um tradicional bar da avenida Litorânea, em São Luís, quando um homem se aproximou e disparou seis vezes, acertando quatro tiros em sua cabeça e dois nas costas. Ele morreu no local.
Décio Sá trabalhava no jornal "O Estado do Maranhão" --pertencente à família Sarney-- e escrevia em um blog famoso por informações de bastidores da política no Maranhão. Ele também trabalhou no jornal "O Imparcial" e chegou a ser correspondente da "Folha de S.Paulo" no final dos anos 90. O jornalista deixa mulher e um filho de 8 anos.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Maranhão, Leonardo Monteiro, disse que Décio relatava constantemente ameaças e disse que costumava dar conselhos ao blogueiro. “Eu sempre dizia a ele que tivesse cuidado, não se expusesse. Ele tinha um blog muito reconhecido aqui no Estado, e que fazia muitas denúncias”, afirmou.
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