Topo

Em depoimento à CPI, governador do DF nega irregularidades em compra de casa

13.jun.2012 - O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (à dir.), depõe na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações do contraventor Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados - Wilson Dias/Agência Brasil
13.jun.2012 - O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (à dir.), depõe na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações do contraventor Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo *

13/06/2012 15h32Atualizada em 13/06/2012 16h08

Em depoimento à CPI do Cachoeira nesta quarta-feira (13), o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), negou que tenha havido qualquer tipo de irregularidade na compra da casa onde mora há cerca de cinco anos.

O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) chegou a pedir a cópia dos cheques ou do documento de transferência bancária usados na aquisição do imóvel.

Segundo Macris, um dos proprietários que venderam a casa ao governador é Jamil Elias Suaiden, que também é dono da F.J. Produções, empresa que teria vencido leilão de registro de preços para realizar 260 eventos na época em que Agnelo foi diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O deputado ainda citou a evolução do faturamento da empresa a partir de 2007, ano da compra da casa. “O que estranho é o aumento do faturamento da F.J. Produções, que passou de um total de R$ 61,9 mil em 2006 para R$ 4,8 milhões em 2007; R$ 19,1 milhões em 2008; R$ 50,9 milhões em 2009; R$ 103,2 milhões em 2010; e R$ 71,3 milhões em 2011”, disse Macris.

"Cota de maldade absurda"

Agnelo Queiroz rebateu a acusação dizendo que essa insinuação faz parte da “cota de maldade absurda”. De acordo com o governador, nenhum diretor da Anvisa tem responsabilidade sobre a parte administrativa da Anvisa. “Nunca tratei na Anvisa sobre contrato de empresas, pregão”, disse.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) também questionou o governador sobre a compra da casa em Brasília em março de 2007 por R$ 400 mil do empresário Glauco Alves e Santos, que é dono da importadora de medicamentos Saúde Import.

Meses depois, em novembro, Agnelo assumiu a direção da Anvisa e assinou a liberação de funcionamento da importadora de Glauco.

“Eu só fui diretor da Anvisa em novembro de 2007. A má-fé é tamanha que eu poderia supor que ia virar diretor da Anvisa dez meses depois e favorecer a uma empresa”, defendeu-se o governador. Segundo ele, foram concedidos cerca de 8.000 atestados de funcionamento durante sua gestão. “É um atestado simples.”

A Anvisa concluiu, em sindicância, que Agnelo não teve responsabilidade administrativa pela autorização de funcionamento da importadora.

Marconi Perillo

Na terça-feira (12), ao depor na CPI do Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), foi alvo de diversas perguntas sobre a venda da casa na qual o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi preso em fevereiro deste ano --Perillo negou as acusações de negócio fraudulento. Ele repetiu a versão que já havia dado: fez anúncio em jornal e vendeu o imóvel para o ex-vereador Wladimir Garcez.

A compra, segundo ele, foi feita em três cheques (dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil, totalizando R$ 1,4 milhão), com os valores depositados em sua conta bancária e declarados no seu Imposto de Renda. Sobre as informações contraditórias a respeito da venda, Perillo disse que não sabia que Garcez tinha pedido dinheiro emprestado.

Perillo se mostrou indignado com a polêmica em torno da venda de um bem particular. “Não vendi qualquer bem do Estado, mas um imóvel de minha propriedade particular”. Ele fez questão de frisar que a versão é "única e verdadeira" ao mostrar aos integrantes da CPI os documentos referentes à escritura da casa, cópias do cheques e extratos de sua conta dos meses de março, abril e maio.

Perillo abre sigilo

Nesta quarta-feira, o governador de Goiás entrou em contato com o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), e colocou à disposição da CPI do Cachoeira seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.

Em depoimento ontem à CPI, Perillo disse que não via justificativa para a quebra dos seus sigilos. Questionado sobre a negativa anterior, Araújo disse que a forma como ele foi questionado pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), o colocava como investigado e, por isso, não foi possível chegar a esse acordo para fazer a quebra de sigilos do governador goiano.

Segundo Araújo, “não há nada a esconder, e o PSDB tem confiança na idoneidade do governador Perillo”. Ele considerou o depoimento de ontem firme e que não deixou dúvidas.

* Com informações da Agência Câmara