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Depoimento de Valério é "sucessão de mentiras envelhecidas", diz PT sobre novas denúncias

Presidente do PT, Rui Falcão, dá entrevista coletiva durante reunião do diretório nacional em Brasília no último sábado - Sérgio Amaral/UOL
Presidente do PT, Rui Falcão, dá entrevista coletiva durante reunião do diretório nacional em Brasília no último sábado Imagem: Sérgio Amaral/UOL

Do UOL, em Brasília

11/12/2012 12h44Atualizada em 11/12/2012 12h55

Em nota publicada nesta terça-feira (11) em seu site oficial, o Partido dos Trabalhadores afirma que o depoimento do empresário Marcos Valério ao Ministério Público Federal foi vazado de maneira "inexplicável" e diz ainda que o publicitário age de maneira "desesperada" para tentar diminuir a pena que Valério recebeu do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão.

Valério foi condenado a mais de 40 anos de prisão por cinco crimes diferentes, além de pagamento de multas que ultrapassam R$ 2,8 milhões.

O PT critica ainda a falta de "cautela" da imprensa na divulgação das informações. "É lamentável que denúncias sem nenhuma base na realidade sejam tratadas com seriedade. Valério ataca pessoas honradas e cria situações que nunca existiram, pondo-se a serviço do processo de criminalização movido por setores da mídia e do Ministério Público contra o PT e seus dirigentes", diz a nota, assinada pelo presidente da legenda, Rui Falcão.

Em depoimento ao Ministério Público em 24 de setembro, a que o jornal "O Estado de São Paulo" teve acesso, o empresário Marcos Valério, considerado o operador do mensalão, teria dito que o ex-presidente Lula usou dinheiro do esquema para "despesas pessoais". Os recursos teriam chegado a Lula por meio de depósito na conta da empresa de Freud Godoy, ex-assessor do petista.

Segundo o depoimento de Valério reproduzido pelo jornal, Lula teria ainda dado "ok" para empréstimos de Valério junto a bancos para financiar o esquema do mensalão. A contrapartida pela ajuda de Valério teria sido o pagamento da defesa do publicitário no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, no valor de R$ 4 milhões. O PT nega ter pago os honorários, e o advogado de Valério, Marcelo Leonardo, ão se manifestou.

As novas denúncias de Valério citam ainda o senador Humberto Costa (PT-PE) e o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho (PT). Sobre Costa, Valério afirma que Costa teria recebido, em sua campanha de 2002, R$ 512.337,00, por meio de  sua tesoureira de campanha, Eristela Feitoza. "Isso é um assunto requentado. Isso é um assunto de 2005, levantado e devidamente respondido", respondeu o senador.

Já sobre Marinho, Marcos Valério diz que ele teria sido o intermediário para a edição de uma medida provisória que beneficiou o banco BMG, dando à instituição exclusividade, por 90 dias, na exploração de crédito consignado. Em nota, o prefeito negou a acusação.

O depoimento de Valério ao MP acusa ainda Paulo Okamotto de tê-lo ameaçado de morte. Okamotto é o atual presidente do Insituto Lula e amigo pessoal do ex-presidente. Procurado pelo jornal, Okamotto disse que falará sobre o caso quando tiver mais informações.

Outra denúncia agora revelada pelo depoimento de Valério afirma que o PT teria pedido ao publicitário R$ 6 milhões para que o empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André (SP), deixasse de chantagear Lula, o então secretário da Presidência Gilberto Carvalho e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Segundo o jornal, Valério teria se recusado a interferir nesse caso. Em nota, Ronan nega conhecer Valério.

Sobre as acusações, os partidos de oposição afirmaram que devem pedir ao MP que abra imediatamente uma investigação sobre o envolvimento de Lula no mensalão.

Leia abaixo a íntegra da nota do PT:

"A Direção Nacional do PT lamenta o espaço dado pela imprensa para as supostas denúncias assacadas pelo empresário Marcos Valério contra o partido e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caso essas declarações efetivamente tenham sito feitas em uma tentativa de “delação premiada”, deveriam ser tratadas com a cautela que se exige nesse tipo de caso. Infelizmente, isso não aconteceu.

As supostas afirmações desse senhor ao Ministério Público Federal, vazadas de modo inexplicável por quem teria a responsabilidade legal de resguardá-las, refletem apenas uma tentativa desesperada de tentar diminuir a pena de prisão que Valério recebeu do STF.

Trata-se de uma sucessão de mentiras envelhecidas, todas elas já claramente desmentidas. É lamentável que denúncias sem nenhuma base na realidade sejam tratadas com seriedade. Valério ataca pessoas honradas e cria situações que nunca existiram, pondo-se a serviço do processo de criminalização movido por setores da mídia e do Ministério Público contra o PT e seus dirigentes.

Prestes a completar 10 anos à frente do governo federal, período em que o Brasil viveu um processo de desenvolvimento histórico e em que as classes populares passaram pela primeira vez a ter protagonismo no nosso país,  o PT é alvo constante de setores da sociedade que perderam privilégios.

A campanha difamatória que estamos sofrendo nos últimos meses não impediu nossa vitória nas eleições de outubro e nem conseguirá manchar o trabalho que nosso partido tem realizado em defesa do país, da democracia e, principalmente, da população mais pobre.

Rui Falcão
Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores"