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Ex-cunhada diz que filhos de PC questionaram versão de crime passional

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

08/05/2013 11h36

Uma ex-cunhada de PC Farias disse durante julgamento nesta quarta-feira (8) que dois filhos do empresário chegaram a questionar a versão de crime passional.

Quatro ex-seguranças estão sendo julgados em Maceió acusados pelas mortes de PC Faria e sua namorada Suzana Marcolino. As primeiras investigações apontaram que Suzana matou PC com um tiro e se suicidou em seguida.

Convocada pelo juiz Maurício Brêda para prestar esclarecimentos, Eônia Pereira disse ainda que Paulo Augusto e Ingrid, filhos do empresário morto, também questionaram a decisão de familiares em não apoiar novas investigações do caso.

Eônia é irmã da mulher de PC, Elma Farias, que morreu em Brasília, em julho de 1994, por edema pulmonar. O casal teve dois filhos, que ficaram sob a tutela de Eônia após a morte de PC Farias.

Ela foi convocada por ser citada em depoimentos e ter dito que o ex-deputado Augusto Farias teria inveja do irmão PC.

A confirmação dos questionamentos à versão de crime passional foi feita durante a leitura do depoimento --feita pelo juiz em plenário-- que ela prestou à polícia, em 1999.

Na ocasião, ela afirmou que Ingrid teria questionado, em certo momento, se Augusto estaria ou não envolvido, pois custava crer nisso, “por tudo que Paulo César representou na vida dele.” "Contudo, estranhava a postura dos familiares de que pelo menos se questionasse a tese e se investigasse outras possibilidades”, relatou.

Segundo Eônia, Ingrid ligou “aos gritos”, por volta das 13h do dia 23 de junho de 1996, afirmando que “Suzana matou meu pai e depois se matou.” “Ela estava desesperada, em choque. Ela gritava muito, e pensei, inicialmente, que era um sequestro”, afirmou.

Questionada pelo promotor Marcus Mousinho sobre quem teria apresentado a versão de crime passional a Ingrid, Eônia disse que fora o irmão de PC Farias.

“Quem contou aos filhos foi o tio Augusto, que foi lá pessoalmente para dar a informação das mortes, salvo engano, com outro familiar. Naquele momento, Paulo Augusto saiu quebrando tudo, foram necessários três pessoas para segurá-lo”, contou.

Para o MPE (Ministério Público Estadual), a Polícia Civil direcionou as investigações, no primeiro momento, para a tese de crime passional seguido de suicídio, sempre tentando descartar novas possibilidades. O fato é contestado pela promotoria, que defende duplo homicídio.

Ainda segundo Eônia, os outros irmãos de PC não aparentavam ter o mesmo amor que o empresário demonstrava pelo irmão. Ela ainda disse que Augusto tinha “necessidade doentia” de ter as mesmas coisas que PC Farias e que sua irmã se “revoltava com a ingerência” dele aos bens e vida do então casal, “sempre na tentativa de constranger Elma”.

Eônia ainda disse que ficou com a responsabilidade da criação dos filhos de PC Farias e Elma, e que Augusto era o responsável pelos bens herdados.

Segundo afirmou em depoimento à polícia e confirmado nesta quarta-feira, Augusto teve “aumento substancial de patrimônio” após a morte do irmão e ficou responsável por “gerenciar a fortuna” do empresário.

Questionada sobre a aquisição de uma fazenda pelo ex-deputado, como citou em depoimento à polícia, Eônia disse apenas "ouvi dizer."