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Acusação diz que polícia alagoana trabalhou 'para provar' suicídio de Suzana

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

10/05/2013 10h31

O promotor Marcos Mousinho iniciou a acusação dos quatro ex-seguranças de PC Farias, acusados de duplo homicídio pela omissão em não ter evitado as mortes de PC e Suzana Marcolino, ocorridas na madrugada do dia 23 de junho de 1996, argumentando que logo após as mortes “foi plantada a informação de que o crime teria sido passional”.

A acusação levanta a hipótese de que o caso foi direcionado para crime passional horas depois porque a filha de PC Farias, Ingrid Pereira de Farias, ligou para o tio Augusto Farias dizendo que Suzana havia matado o pai dela e se suicidado na sequência.

Mousinho afirmou que a partir daquela informação “plantada”, as investigações foram direcionadas para a hipótese de crime passional.

Ele questionou por que a polícia havia feito exames residuográficos das pessoas que estavam na casa. Segundo ele, a polícia não deveria ter descartado logo a hipótese de assassinatos.

“Os peritos e médicos legistas se limitaram, trabalhando pressionados, a fazer apenas os exames em PC e Suzana. Não fizeram em mais ninguém porque já havia se estabelecido que Suzana havia matado PC e se suicidado. De fato, houve um suicídio?”

Para ele, as provas materiais e as contestações dos laudos deixam claras que houve indução nas investigações.

As provas foram colhidas baseadas na afirmação da família Farias de que tinha ocorrido crime passional.

“De fato não houve um suicídio. As provas materiais apontam que houve, sim, duplo homicídio. O MP vai provar que houve dois homicídios, que mataram Paulo César Farias e Suzana Marcolino. Isso se faz nas provas materiais, não testemunhais. Quem são os autores ou autor desse crime?”, disse o promotor, que faz a acusação.

Acusação x Defesa

AcusaçãoDiz que houve duplo assassinato e que os quatro réus têm conhecimento sobre a autoria do crime
DefesaDiz que o crime foi passional. Suzana Marcolino teria matado PC Farias e em seguida se suicidado

Mousinho destacou ainda que mesmo saindo da hipótese que houve crime passional, os seguranças de PC Farias se omitiram de desempenhar o papel de vigiar e proteger a integridade física do patrão.

“Eram seguranças, e impõe-se a eles que deveriam agir para evitar qualquer conduta para ofender ou ferir  aqueles que estavam fazendo a guarda, tendo obrigação de agir. Eles puderam agir e evitaram este resultado?”