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Primeira perita a analisar morte de PC Farias diz que houve homicídio seguido de suicídio

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

08/05/2013 15h30Atualizada em 08/05/2013 16h51

A perita do IC/AL (Instituto de Criminalista de Alagoas) Anita Buarque de Gusmão afirmou que PC Farias foi morto por sua então namorada, Suzana Marcolino. A companheira de PC, então, teria cometido o suicídio. A perita prestou depoimento nesta quarta-feira (8) durante o julgamento dos quatro seguranças que estavam na casa de PC na noite do crime, em 1996. Anita foi a primeira a chegar ao local onde os corpos estavam.

Segundo ela, os exames residuais nas mãos de Suzana Marcolino deram positivo para "pólvora combusta", ou seja, de acordo com a perita, a namorada de PC teria efetuado disparos de arma de fogo. Ela disse que o teste foi feito duas vezes os testes e que ambos deram os mesmos resultados, positivo para pólvora.

“Fizemos exames residuais nas mãos de Suzana e deu positivo. Já os testes nas mãos de PC não tinha nada”, disse.

“A primeira imagem que vi foi pela janela, a cena do casal morto no quarto. Fizemos a simulação e concluímos que na primeira dinâmica que houve um assassinato e um suicídio”, disse a perita, ou seja, para ela, Suzana matou PC e em seguida se matou.

“Não havia sangue na arma. Mas não sabemos o  tempo que Suzana ficou agonizando até morrer”, disse Anita, reforçando que “os exames dos corpos da vítima e a arma foram feitos em Salvador e os demais em São Paulo".

Sobre possíveis impressões digitais na arma, a perita disse que o material que havia no revólver não era bom. “Existiam fragmentos de impressões. Quando havia impressões borradas [no local do crime e na arma] colocávamos que não havia impressão nenhuma”, disse.

Cena do crime

Para Anita, não houve nenhuma alteração na cena do crime. “Já tinhamos uma dinâmica do que tinha acontecido pelo que vimos na cena."

Em exame mais aprofundado, realizado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), feito pelo perito Bardan Palhares, foi observado que havia resíduos de chumbo e nitrato nas mãos de PC e Suzana, porém a perita afirmou que esses exames foram mais precisos e podem ter detectados pártículas de pólvora quando PC foi atingido pelos tiros supostamente deflagrados por Suzana Marcolino.

Água francesa

Nivaldo Gomes Cantuária, outro perito a depor nesta quarta-feira, afirmou que os policiais usaram água mineral Perrier, como substância líquida para fazer o exame para detectar vestígios de pólvora nas mãos de PC Farias e Suzana Marcolino.

De acordo com ele, o kit usado pelos peritos naquele dia estava faltando o líquido.

“Existiam uns kits que usamos para fazer exames, mas o que a perita levou estava faltando a água destilada ou soro e para fazermos o exame foi oferecida uma garrafa de água mineral Perrier, água francesa, pelo pessoal da casa de PC”, disse Cantuária.

Segundo o perito, os exames apontaram que havia vestígios de pólvora nas mãos de Suzana. O exame foi repetido no IML (Instituto Médico Legal) de Maceió por Cantuária.

“O resultado sai na hora. À medida que esfregamos o algodão embebido com água ou soro e colocamos em tubos de ensaio em contato com as substâncias A e B dá positivo ou negativo. Quando a perita fez o exame, o de Suzana apontou como positivo, com a coloração. Já o das mãos de PC o algodão não mudou de cor."

O exame feito no IML foi realizado com água destilada, mas segundo o perito não alterou o resultado. “Com o exame residual concluímos que Suzana matou PC e se matou em seguida”, disse o perito.

Ele afirmou ainda que após os resultados dos exames de Alagoas terem dados diferentes dos feitos em São Paulo, pela Unicamp, foi que o exame começou a ser não é confiável. "Na época, era o usado até pela Polícia Federal.”

O perito afirmou que retornou ao local que os corpos foram encontrados e, pelo que observou, não houve alteração da cena nem das conclusões.

“Após retornar a casa fomos fazer medições e conferir tudo que foi anotado na primeira visita. Fizemos a relação de todos os eventos que estavam no local. Medições, coletas dxe material para exames complementares e concluímos um homicídio seguido de suicídio."