Mensalão tucano será totalmente julgado em Minas Gerais
O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta terça-feira (7) enviar para a Justiça de Minas Gerais o processo contra o ex-senador Clésio Andrade (PR-MG) por participação no chamado mensalão mineiro. Andrade é acusado de peculato e lavagem de dinheiro na ação penal 606. Com isso, todos os réus do mensalão mineiro serão julgados pela Justiça mineira.
Presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), Andrade renunciou ao cargo de senador há três meses, alegando problemas de saúde. Com deixou de ser parlamentar, a defesa de Andrade solicitou ao STF que o caso fosse julgado em Minas Gerais. A decisão do STF, por maioria, teve o voto contrário do ministro Marco Aurélio.
Ex-vice governador no primeiro mandato de Aécio Neves em Minas Gerais, entre 2003 e 2006, Andrade era o último réu da Ação 606 que ainda seria julgado pelo STF. O advogado de defesa Flávio Boson Gambogi não foi encontrado em seu escritório para comentar a decisão.
Desde 1994, Andrade preside a CNT. O peemedebista é casado com a presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) de Minas Gerais, Adriene Barbosa de Faria Andrade e foi vice-governador de Minas Gerais, entre 2003 e 2006, no primeiro governo do candidato à Presidência pelo PSDB Aécio Neves como governador de Minas Gerais.
Em 2011, Andrade tomou posse como senador ao assumir a cadeira com a morte do titular Eliseu Resende. No mesmo ano, deixou o PR para filiar-se ao PMDB.
Marcos Valério
Na década de 1990, Andrade comprou participação em duas agências de publicidade de Belo Horizonte, SMP&B e DNA Propaganda, e colocou o publicitário Marcos Valério de Souza para dirigir as duas empresas. As operações envolvendo o mensalão tucano, e também o petista, tiveram as duas agências como protagonistas.
Com Valério, o agora ex-senador teria articulado o esquema de fraude e colocado o publicitário para operar o caixa dois nas eleições de 1998. Acabou substituindo Mares Guia na chapa de Eduardo Azeredo (PSDB) e transformou-se no arrecadador da campanha de reeleição do então governador.
O MP (Ministério Público) de Minas Gerais acusou Andrade, dizendo que ele tinha conhecimento dos crimes cometidos no esquema, tanto que atuou como devedor solidário de empréstimos bancários fraudulentos. Andrade, de acordo com o MP, teria recebido R$ 325 mil desviados dos cofres públicos do governo de Minas Gerais, como contraprestação pelos serviços feitos em parceria com Valério.
Além de receber recursos do esquema, Andrade repassou R$ 200 mil para a conta bancária da campanha eleitoral de Azeredo.
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