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Ex-ministro Márcio Thomaz Bastos morre aos 79 anos em SP

O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, 79 - Gabo Morales 21.ago.2012/Folhapress
O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, 79 Imagem: Gabo Morales 21.ago.2012/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

20/11/2014 08h19Atualizada em 20/11/2014 13h47

O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, 79, morreu nesta quinta-feira (20) no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde estava internado desde a última terça-feira devido à piora de uma doença crônica no pulmão. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do hospital, que não informou a causa da morte.

Thomaz Bastos, que atualmente defendia a Camargo Corrêa e a Odebrecht, investigadas na Operação Lava Jato, era considerado um dos principais advogados criminalistas do país, tendo participado em cerca de 700 processos.

Foi presidente da OAB-SP entre 1983 e 1985 e do Conselho Federal da OAB (1987 a 1989) antes de virar ministro da Justiça (2003 a 2007) no governo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como ministro, Bastos ficou conhecido por atribuir mais rigor à atuação da Polícia Federal. Fora do governo, voltou a advogar. "Ministro da Justiça foi um episódio extremamente importante na minha vida. Foi onde eu acho que fiz um trabalho muito fundante no Brasil", disse ao UOL em 2012.

Alguns dos atos que marcaram a passagem de Thomaz Bastos no ministério foram a reforma do Poder Judiciário e a aprovação do Estatuto do Desarmamento, em 2003.

Em 2012, o ex-ministro participou do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal como advogado de um dos réus. No julgamento, ele fez a defesa do ex-dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado, condenado a uma pena de 14 anos e 4 meses de prisão por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas.

Enquanto atuava no mensalão, em 2012, o ex-ministro também cuidava da saúde, como descreveu ao UOL na ocasião. "Olha, eu estou terminando um check-up a duras penas por causa desse caso do mensalão. Eu estou fazendo uma vez por semana. Agora já estou no fim. E estou bem do câncer que eu tive no pulmão. Eu já tive alta porque já se passaram cinco anos. Eu fiz os exames regularmente. A única lição que eu tirei disso é que é fundamental você fazer um check-up depois de uma certa idade, pelo menos. Se fazer um check-up todo ano. Porque o meu eu peguei num acaso absoluto. Foi porque eu fiz check-up. Eu tirei uma radiografia do pulmão pedida pelo cardiologista que queria ver o estado das minhas coronários, e apareceu um tumor no pulmão. E aí eu pude operar precocemente e me salvar. Então, eu acho que essa lição é uma lição importante para todo mundo".

O ex-ministro nasceu em Cruzeiro, no interior de São Paulo, em 1935. Márcio Thomaz Bastos foi vereador em sua cidade natal pelo PSP (Partido Social Progressista) entre 1964 a 1969.

Formado em direito pela USP (Universidade de São Paulo) na turma de 1958, Thomaz Bastos era um dos mais famosos criminalistas do Brasil. Já advogou para o presidente Lula, o ex-senador Antônio Carlos Magalhães --falecido em 2007--, o empresário Eike Batista e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O ex-ministro também foi um dos redatores do pedido de impeachment do presidente Fernando Collor, que governou o Brasil entre 1990 e 1992. 

O ex-ministro foi um dos advogados de acusação no caso do assassinato do ativista ambiental Chico Mendes, e no julgamento do jornalista Pimenta Neves, assassino confesso da namorada, Sandra Gomide.

Thomaz Bastos também é conhecido por assumir causas impopulares. Foi ele quem defendeu os estudantes da USP acusados de afogar um calouro de medicina. Bastos também defendeu os jovens de Brasília que atearam fogo e assassinaram um índio pataxó, e, mais recentemente, o médico Roger Abdelmassih. Sobre essas defesas, o ex-ministro disse ao UOL em 2012: "Esse papel do advogado, de defender contra a maré, é comum. Na minha vida, eu já tive centenas de casos em que eu advogava para o inimigo público". 

Abaixo, reveja trechos da entrevista de Thomaz Bastos ao "Poder e Política" em 2012: