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A três dias das eleições para presidir Câmara, PT e PMDB acirram o "tiroteio"

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

29/01/2015 18h36

A três dias das eleições que vão decidir a presidência da Câmara, os dois principais grupos que disputam o cargo, liderados por PT e PMDB, acirraram o “tiroteio” e colocaram integrantes da base aliada em campos opostos. Nesta quinta-feira (29), o líder do PMDB na Câmara e candidato à presidência da Casa, Eduardo Cunha (RJ), disse que a interferência do governo na disputa poderá ter impacto na votação de projetos de interesse do Planalto, que trabalha pela candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Já o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), respondeu dizendo que o governo “não teme retaliações”.

O “tiroteio” político desta quinta-feira (29) começou com Eduardo Cunha criticando as supostas interferências do governo na eleição da Mesa Diretora da Casa. Na última quarta-feira (28), cinco ministros tiveram um almoço com deputados de partidos da base aliada.

Nesta quinta-feira, Cunha disse que ouviu relatos de "pressões" por parte dos ministros para que deputados tirassem o apoio à candidatura do peemedebista e migrassem para o grupo de Arlindo Chinaglia. Em tom de alerta, Cunha disse que “a vida não termina às seis da tarde de domingo”, numa referência ao horário da votação da Mesa Diretora da Casa. “Qualquer pessoa com o mínimo de experiência nessa casa sabe que a vida não termina às 18h desse domingo. Ela começa”, afirmou.

Cunha lembrou que, em qualquer cenário, o governo terá de manter a base aliada unificada para aprovar projetos de seu interesse. "O governo precisará ter uma base muito forte pra poder manter a sua governabilidade. Então não é com ameaças e nem retaliações que você vai pra ter quórum para votar uma emenda constitucional como, por exemplo, a prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União). Ou para poder aprovar as medidas provisórias de ajustes fiscais que vão ter sempre muita contestação”, afirmou.

Esta não foi a primeira vez que Cunha falou sobre as consequências que uma eventual interferência do governo na disputa teria. Em entrevista exclusiva ao UOL na semana passada, ele disse que se o governo intereferisse, as “sequelas seriam graves”.

Cunha disse ainda que as pressões supostamente relatadas por parlamentares podem ter efeito contrário do desejado pelo governo. “Quanto mais ameaçam, mais irritados ficam os parlamentares. Quanto mais dizem que vão retaliar, mais o cara fica com vontade de votar contra. Esse é o efeito prático desse processo”, afirmou.

Mais tarde, o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana, rebateu as críticas do peemedebista. “Não tememos nada. Nós governamos o país, temos uma presidenta eleita”, disse Fontana.

Fontana se reuniu com líderes de partidos da base como PDT, Pros e PR, e disse que a candidatura de Arlindo Chinaglia está ampliando seus eleitores entre os partidos aliados. Questionado sobre as ameaças de retaliações, Fontana disse que a disputa pela presidência não pode envolver intimidações. “Não tememos nenhum tipo de retaliação. Aliás, ninguém pode intimidar ninguém com retaliação. Nem o governo, nem quem é de oposição, nem nada. Isso aqui é um Parlamento”, disse.