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Costa diz ter recebido US$ 1,5 mi de Fernando Baiano em negócio de Pasadena

Foto mostra a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, comprada pela Petrobras - Divulgação/Clui.org
Foto mostra a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, comprada pela Petrobras Imagem: Divulgação/Clui.org

Do UOL, em Brasília

12/02/2015 16h47

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ter recebido US$ 1,5 milhão a título de suborno para não “atrapalhar” a decisão do conselho de administração da estatal para a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (Estados unidos), ocorrida entre 2006 e 2012.

O dinheiro, segundo Costa foi pago pelo lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que, segundo o delator, teria ligações com o PMDB. A revelação veio à tona após a divulgação dos depoimentos da delação premiada de Costa ocorrida nesta quinta-feira (12) pela Justiça Federal do Paraná. Soares está preso e é réu em uma das ações penais da operação Lava Jato. Costa está preso em regime domiciliar no Rio de Janeiro.

A refinaria de Pasadena foi adquirida pela Petrobras em um conturbado processo pelo valor total de US$ 1,25 bilhão. O grupo belga CNP, dono da Astra Petróleo, empresa que controlava a refinaria e que foi sócia da Petrobras durante alguns anos, afirma ter pago US$ 42,5 milhões pela mesma refinaria em 2005.

Segundo o depoimento de Costa, Fernando Soares o procurou antes da reunião do conselho de administração da Petrobras que iria decidir pela compra da refinaria. Segundo Costa, entre 2007 e 2008, ele e Fernando Baiano se encontraram em Liechtenstein (paraíso fiscal europeu), onde Costa diz acreditar tenha sido o local onde Baiano fez o depósito do dinheiro.

“Fernando Baiano ofereceu ao declarante (Costa) o valor de US$ 1,5 milhão para não causar problemas na reunião de aprovação da refinaria de Pasadena”, diz um trecho do depoimento prestado por Costa no dia 7 de setembro de 2014.

Costa disse não saber se Fernando Soares ofereceu dinheiro a outros membros do conselho para conseguir a aprovação da compra da refinaria. À época, a presidente do conselho era a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Costa disse que, já naquela época, era claro que a compra da refinaria era um “mau negócio” para a Petrobras.

“Por ser um negócio ruim (...) era previsível que em uma análise técnica, o declarante (Costa) fosse apresentar objeções à aprovação desta compra”, afirmou Paulo Roberto Costa.

Costa disse que o valor pago a ele por Fernando Soares tenha sido bancado pela própria Astra Petróleo e que “havia boatos na empresa (Petrobras) de que o grupo de Nestor Cerveró (então diretor da área internacional da estatal), incluindo o PMDB e Fernando Baiano teriam dividido algo entre vinte e trinta milhões de dólares (sic)”.

A compra da refinaria de Pasadena foi alvo de investigações da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, em 2014. No ano passado, a presidente Dilma disse ter concordado com a compra amparada por um parecer "falho".

A ex-presidente da Petrobras Graça Foster admitiu que a compra da refinaria não foi um bom negócio para a estatal.