Em crise, PT faz festa de 36 anos com samba e sem Dilma
Após um ano marcado por crises e em um dos momentos de maior tensão entre o partido e a presidente Dilma Rousseff, o PT realiza neste sábado (27), no Rio de Janeiro, uma festa pela comemoração dos seus 36 anos de existência, com show do sambista Diogo Nogueira e a bateria da escola de samba Portela. Dilma não confirmou a presença e alguns petistas, como o presidente do partido no Estado, Washington Quaquá, dizem preferir que ela não vá.
O ex-presidente Lula e de outras personalidades que marcaram a história do partido confirmaram presença.
Dilma tem uma série de compromissos durante o sábado no Chile, para onde viajou nesta sexta-feira (26) pela manhã. O voo de retorno de Dilma está programado para sair de Santiago às 17h e tem como destino Brasília. A festa do partido começa às 18h.
Além do aumento da pressão sobre o governo depois da prisão do marqueteiro da campanha da presidente, João Santana, e de sua mulher, Mônica Moura, nesta semana pela Operação Lava Jato, o distanciamento entre Dilma e o partido foi acentuado pelo apoio do Planalto ao projeto que reduz o peso da Petrobras na exploração do pré-sal, aprovado no Senado na quarta-feira (24). Também contraria a militância o engajamento do governo em temas como a reforma da Previdência e a recriação da CPMF.
Na quinta (25), Rui Falcão, presidente da sigla, divulgou texto criticando o projeto aprovado no Senado e deixando clara a disposição do partido em abrir mão de defender a presidente para fazer acenos à sua base social. O presidente do PT fluminense, Washington Quaquá, por sua vez, disse que dispensa a presença da presidente no aniversário. “Acho melhor ela (Dilma) ficar quietinha em Brasília. Ela está tomando um rumo diferente do nosso. Ela não tem compromisso com o (nosso) projeto popular para o país”, afirmou, em entrevista à revista Época.
Também na véspera do encontro, o partido preparou um documento a ser apresentado nesta sexta-feira com uma agenda que faz contraponto à política econômica de Dilma. O texto propõe medidas como o uso de parte das reservas internacionais para estimular a economia, a redução da taxa de juros e a ampliação de crédito, entre outras propostas que, na avaliação do partido, ajudariam o país a sair da crise.
Na abertura da reunião do Diretório Nacional do PT que antecede as comemorações de 36 anos da sigla realizada nesta sexta-feira o ministro de Comunicação Social Edinho Silva atribuiu a possível ausência de Dilma à agenda que a petista cumpre no Chile e disse que sua "vontade política" era estar no evento.
Dúvidas sobre os custos
Apenas com esses artistas, a estimativa é de que o partido gaste cerca de R$ 108 mil. Os valores foram estimados levando em conta o preço cobrado por Diogo Nogueira em duas apresentações contratadas pela prefeitura do Rio de Janeiro durante o réveillon de 2016, em Copacabana, e o carnaval de 2015, orçadas em R$ 96.000 e R$ 95.000, respectivamente. Já uma apresentação da Portela de até 1h com dez ritmistas, um cavaquista, um cantor, um mestre de bateria e quatro passistas é orçada pela própria escola em R$ 8.000.
A festa de encerramento será realizada no Armazém da Utopia, espaço com lugar para cerca de 4.000 pessoas localizado na zona portuária do Rio de Janeiro. Questionada sobre o valor total do evento, a direção nacional do partido informou que "os custos estão sendo processados e serão demonstrados na prestação de contas do PT".
Ao todo, o PT conta com 1.754.198 filiados, de acordo com dados do próprio partido. Os filiados contribuem semestralmente com R$ 15, o que permitem que participem dos eventos e debates realizados pelos diretórios locais. Funcionários com cargos de comissão e membros do partido eleitos também pagam uma taxa, tabelada de acordo com o cargo. Segundo a diretório nacional do partido, não é possível estimar quantos filiados estão em dia com os pagamentos.
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