Topo

Dilma reforça na PB discurso do golpe: "árvore da democracia está infestada de parasitas"

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

15/06/2016 18h50

A presidente afastada, Dilma Rousseff, participou de uma audiência pública em João Pessoa e voltou a criticar o processo de impeachment que tramita no Senado com o argumento de que é golpe, dizendo que a "árvore da democracia está infestada de parasitas” e que, se for confirmada a cassação de seu mandato, o país "corre risco" de retrocessos.

"Esse processo é um golpe diferente dos golpes que vivemos antes. No passado, os golpes implicavam na extinção pura e simples do regime democrático. Se a gente imaginar que a democracia é uma árvore, o golpe militar é um machado que corta a árvore pura e simplesmente”, afirmou. “Mas agora é outro tipo de golpe, cuja árvore da democracia está infestada de parasitas, que sugam a democracia, que tentam utilizar a própria Constituição."

Essa é a primeira de uma série de visitas a Estados do Nordeste que Dilma faz esta semana. Nessa quinta-feira (16) ela vai a Salvador e, na sexta-feira (17), participa de ato no Recife.

A presidente voltou a dizer que, com o impeachment, a democracia brasileira “hoje está por um fio”. “O povo sabe que a Constituição exige que tenha um crime de responsabilidade, e todos sabem que nunca desviei dinheiro público, jamais compactuei com isso. Como não acharam nada, inventaram as tais das pedaladas”, completou.

Dilma disse que a democracia no Brasil é “uma das conquistas mais duras que o nosso povo teve no século passado”. “Aqueles que viveram a ditadura sabem na pele o valor da democracia, que foi conquistada com sangue derramado, por pessoas que foram exiladas, mortas e outras torturadas. Foi ela quem garantiu, para todos nós, a possibilidade de falar o que pensamos, de defender o que acreditamos e, sobretudo, de escolher quem nos representa”, disse.

Combate à corrupção

A presidente voltou a dizer que jamais compactuou com atos de corrupção. Ela também aproveitou o discurso para comentar as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. “Nessas gravações, está claro que um dos fatos que motiva o processo de impeachment era pura e simplesmente impedir que as investigações sobre corrução chegassem ao grupo político dos golpistas”, afirmou.

Mas a presidente ainda ressaltou que existe outro motivo para a retirada dela do poder, que seria a redução de “conquistas sociais” implementadas pelos governos do PT. “Querem reduzir tudo. Querem reduzir o SUS (Sistema Único de Saúde), acabar com Minha Casa, Minha Vida. Por que falo acabar? Porque não olhar para a faixa um --que inclui aqueles que têm renda menor-- é acabar, é dissolver o programa”, afirmou. “Querem reduzir também os direitos individuais e coletivos”, continuou, criticando a proposta de reduzir a maioridade penal.