PSOL cobra Ministério da Defesa sobre infiltrado do Exército em protestos
A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados apresentou ao Ministério da Defesa um pedido de informações sobre a suposta infiltração de um oficial do Exército em passeatas organizadas por movimentos sociais e entidades, nos últimos dias, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A participação do capitão William Pina Botelho teria ocorrido sob o codinome “Balta Nunes” como forma de se aproximar de jovens integrantes das manifestações. O contato teria sido feito por aplicativos como Tinder e WhatsApp. O caso foi revelado semana passada em reportagens dos sites El País e Ponte.
No pedido de informações, a liderança do PSOL solicita ao ministro Raul Jungmann “esclarecimentos em relação à infiltração de membros do Exército brasileiro em movimentos sociais e manifestações públicas” e pede que a pasta informe, caso a suposta infiltração seja fato, “quais os objetivos do Exército com tais práticas, se há alguma parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e há quanto tempo o monitoramento vem sendo realizado”. No mesmo pedido, é indagado também se algum partido político “também foi ou está sendo monitorado e quantos foram os agentes infiltrados nessas operações”.
De acordo com o deputado federal Ivan Valente, líder do partido, o PSOL recebeu informações – parte delas publicada também pela revista Fórum – de que “Balta Nunes” teria participado também de reuniões e encontros e, por meses, coletado informações privilegiadas da Frente Povo Sem Medo, que hoje reúne mais de dez organizações e movimentos sociais como MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Fora do Eixo, Mídia Ninja, CUT (Central Única dos Trabalhadores), UNE (União Nacional dos Estudantes), além de militantes de partidos como o PSOL e PCdoB.
“Essa situação mostra que há uma operação de repressão a movimentos sociais e populares, sobretudo porque os movimentos nos confirmaram que esse oficial, com codinome ‘Balta’, esteve em reuniões com grupos do MTST, UNE e CUT”, disse Valente, que completou: “Queremos saber do ministro se há base legal para infiltrar agentes do Exército em organizações e se há autorização judicial para isso, caso a proceda a situação. Em um estado democrático de direito não cabe às Forças Armadas esse tipo de papel”.
Preso político na ditadura militar e condenado pela lei de segurança nacional, Valente destacou que ele próprio já foi monitorado pelo Exército. “Pedi meu ‘currículo’ às forças de segurança, quando fui deputado estadual pela primeira vez [entre 1989 e 1991], e descobri que tinha registro desse monitoramento na Abin [Agência Brasileira de Inteligência]. É inadmissível que isso volte a acontecer – como se movimento social fosse terrorismo.”
Conforme o parlamentar, dependendo da resposta do Ministério da Defesa, a liderança do PSOL não descarta pedir a convocação do oficial do Exército citado nas reportagens para que ele fale na comissão de relações exteriores e defesa nacional da Câmara. A suposta infiltração do capitão nas manifestações também é alvo de procedimento instaurado esta semana pelo MP paulista.
A reportagem do UOL fez contato com o Ministério da Defesa sobre o pedido de informações, mas, até esta publicação, a pasta não havia se posicionado.
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