Cabral dava festas luxuosas e fazia acordos suspeitos com resort, diz juiz
![Resort do Portobello, complexo de luxo em que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral tem uma mansão e que aparece na denúncia contra o político por causa de contratos suspeitos e festas luxuosas - Reprodução/Portobello](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/fa/2016/11/18/resort-do-portobello-complexo-de-luxo-em-que-o-ex-governador-do-rio-sergio-cabral-tem-uma-mansao-e-que-aparece-na-denuncia-contra-o-politico-por-causa-de-contratos-suspeitos-e-festas-luxuosas-1479495810139_615x300.jpg)
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, preso na quinta-feira (17) pela Polícia Federal por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro, é dono de uma mansão em Mangaratiba (RJ). A residência fica no Portobello, um luxuoso complexo que concentra um resort, um safári e um condomínio com casas de alto padrão.
Nesse local, o ex-chefe do Executivo fluminense costumava dar festas e reunir os amigos e familiares em datas comemorativas. De acordo com os investigadores, esses encontros custaram R$ 81.106,00. O valor consta em um e-mail apreendido pela força-tarefa da Operação Lava Jato.
Segundo a denúncia, que fundamenta a ordem de prisão expedida pela Justiça federal contra Cabral e outros nove suspeitos, há indícios de que o Portobello foi usado em uma complexa operação de lavagem de dinheiro, com recursos oriundo do pagamento de propina por parte de empreiteiras. No total, o esquema criminoso teria desviado mais de R$ 220 milhões.
O juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo da Costa Bretas, destaca em seu despacho que o Portobello repassou à SCF Comunicações e Participações, empresa de Cabral, cerca de R$ 655 mil por serviços nunca prestados.
Além disso, há contratos firmados entre o Portobello e a firma de advocacia da mulher do ex-governador, Adriana Ancelmo, e que são considerados suspeitos pelo Ministério Público Federal. No total, as vantagens obtidas pelo ex-governador na relação com o Portobello representam R$ 1,5 milhão.
O magistrado cita trecho do e-mail obtido pelos investigadores no qual uma representante do Portobello --não identificada-- questiona um representante do ex-governador sobre os gastos de seus convidados em uma festa de fim de ano. Na ocasião, o emissor da mensagem perguntou se o valor "seria debitado da conta corrente do Sr. Sérgio".
A denúncia define Cabral como um "frequentador assíduo" do resort e menciona uma lancha avaliada em R$ 5 milhões, propriedade do ex-governador, embora registrada em nome da da MPG Participações --cujo dono é o também investigado e preso pela PF Paulo Fernando Magalhães Pinto. Ele é ex-assessor de Cabral e, para o MPF, atuou como laranja do peemedebista no esquema de cobrança de propina. A lancha, batizada de "Manhattan Rio", "pertenceria de fato a Sérgio Cabral", conclui o juiz da 7ª Vara Federal Criminal, e teria sido adquirida como artifício de lavagem de dinheiro.
Por conta da suposta relação entre o Portobello e o grupo criminoso, o dono do empreendimento, Carlos Jardim Borges, foi investigado pela Polícia Federal. As autoridades constataram que ele realizou "pagamentos indevidos" para a empresa de um dos sócios de Cabral, Carlos Miranda, também preso pela PF.
Contra Borges, a Justiça expediu um mandado de condução coercitiva. Além disso, Bretas determinou o sequestro e arresto de bens móveis e imóveis do Portobello, assim como expediu mandado de busca e apreensão no condomínio --cumprido ontem pela Polícia Federal. Por fim, o magistrado determinou que a empresa "forneça os extratos de consumo e serviços prestados a Sérgio Cabral" em um prazo de 24 horas e repasse todas as informações referentes aos convidados e/ou funcionários do ex-governador que tiveram acesso ao local.
Ao UOL, o Portobello informou que Borges está viajando e por isso não poderia apresentar sua versão. Também não houve resposta nem do setor jurídico da empresa nem da administração do condomínio, de acordo com a assessoria de comunicação do resort.
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