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Vou recuperando fôlego, diz Greca após passar 1ª semana do mandato no hospital

Greca caminha para falar com jornalistas acompanhado da mulher, Margarita Sansone, após ter alta de hospital - Rafael Moro Martins/UOL
Greca caminha para falar com jornalistas acompanhado da mulher, Margarita Sansone, após ter alta de hospital Imagem: Rafael Moro Martins/UOL

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

09/01/2017 15h53

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), deixou nesta segunda-feira (9) à tarde o hospital onde foi internado há exatamente uma semana para tratar um tromboembolismo pulmonar.

O político de 60 anos, que é obeso, fora levado ao hospital Marcelino Champagnat, no Cristo Rei (região leste de Curitiba), horas após chegar à prefeitura para seu primeiro dia de trabalho e sentir falta de ar.

Greca deixou o hospital pouco depois das 15h. Caminhou lentamente do elevador até uma mesa, de onde falou --pausadamente-- a jornalistas. "Aos poucos vou recuperando o fôlego. Agradeço as infinitas manifestações de solidariedade e carinho, orações de todas as religiões. Até homem da banquinha da esquina que não me deixou sem jornal nenhum dia, me mandava com bilhetes para que ficasse bom logo", disse.

"Deus sabe o que faz e me colocou em uma unidade de terapia intensiva para entender o que é preciso fazer [em Curitiba]", afirmou. Pouco depois, chegou a se emocionar ao falar que recebeu uma bênção do papa Francisco. Do hospital, Greca foi para sua casa, onde descansaria hoje, mas falou que deverá ir à prefeitura até o fim da semana.

"O atendimento em terapia intensiva foi necessário nos dois primeiros dias", disse o médico cardiologista José Eduardo Marquesini, que atendeu Greca no Marcelino Champagnat. Ele explicou que o político terá que ficar em repouso pelos próximos sete dias, fará fisioterapia respiratória e cinética por algumas semanas e tomará medicação anticoagulante ao longo de seis meses para evitar a formação de novos trombos (coágulos).

"O escore de risco do prefeito é baixo para reincidência de formação de trombos", afirmou o médico. "O quadro de saúde dele é bom. O tromboembolismo é um episódio isolado. O sobrepeso é fator de risco [para a doença], mas não o único. A causa provável são as horas que ele passou sentado [durante a campanha]. [Greca] Está bem consciente do sobrepeso dele, e perdeu de dois a três quilos no hospital."

O boletim médico emitido nesta segunda informa que "o estado de saúde do prefeito Rafael Greca está muito bom", e "a respiração alcançou nível normal". "A evolução positiva levou a equipe médica a conceder alta hospitalar", diz o relato.

Apesar de passar no hospital quase toda a primeira semana de seu segundo mandato --já foi prefeito de Curitiba entre 1993 e 96--, Greca não transmitiu o cargo a seu vice, Eduardo Pimentel (PSDB), 31.

Greca já estivera no hospital em 31 de dezembro passado, após sentir-se mal ao visitar o local em que festejaria sua posse no dia seguinte. Na ocasião, a assessoria falou que tratou-se de um quadro de ansiedade. No dia seguinte, ele não subiu a escadaria de 13 degraus que dá acesso ao prédio histórico da Câmara. Em vez disso, usou um acesso lateral, pelo qual há uma escada menor.

"[Greca] Não apresentava quadro de tromboembolismo pulmonar no sábado. Se ele já tivesse o problema, não teria conseguido participar da solenidade de posse", sustentou Marquesini.

Solenidade de posse teve UTI móvel como "cortesia"

Minutos antes de Greca chegar à Câmara para tomar posse como prefeito, no último dia 1º, uma ambulância do tipo UTI móvel estacionou ao lado da entrada do plenário. O veículo pertence a uma empresa que informa na internet prestar atendimento "exclusivamente em UTI móvel", em "ambulâncias classificadas como Suporte Avançado de Vida" e "apenas com profissionais graduados e especializados no atendimento de emergência".

Segundo o Portal da Transparência, a Câmara mantém contrato com outra prestadora para o serviço. Uma fonte ouvida pela reportagem disse que o veículo não foi contratado pelo Legislativo. Consultada, a assessoria de Rafael Greca disse que "a ambulância foi uma cortesia da empresa Plus Santé ao evento de posse".

O UOL telefonou para a empresa às 14h15 desta segunda-feira para confirmar a versão apresentada pela assessoria do prefeito. Foi informado de que os funcionários do departamento administrativo não estavam, mas que dariam retorno.

No discurso na Câmara, ele fez menção ao problema de saúde. "Minha cabeça, e meu coração, que passa bem --ontem (sábado, 31/12) tive que tirar um retrato dele-- estará a serviço da causa da cidade", falou.

Quem é

Engenheiro, ex-ministro do Esporte e Turismo (sob FHC) e ex-prefeito pelo PDT nos anos 1990, Greca voltou ao Palácio 29 de Março com apoio do governador Beto Richa (PSDB) após fracassar em 2012, quando, pelo PMDB, caiu no primeiro turno.

Na campanha, causou polêmica ao dizer que vomitara ao sentir o cheiro de uma pessoa pobre.

Funcionário aposentado do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), Greca começou sua trajetória política em 1982, quando se elegeu vereador pelo PDS, partido de apoio da ditadura militar. Dali, rumou para o PDT, junto com o então prefeito Jaime Lerner, de quem seria eleito sucessor em 1992.

Após deixar a prefeitura, filiou-se ao PFL (atual DEM) e, em 1999, foi nomeado ministro do Esporte e Turismo por Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Demitiu-se, em 2000, após o fracasso das comemorações pelos 500 anos do descobrimento do Brasil.

Mudou novamente de partido, desta vez para o PMDB, após romper com Lerner e aliar-se ao maior rival dele, o senador Roberto Requião. Por fim, deixou a legenda para viabilizar a candidatura que agora o recoloca na prefeitura.

Como Greca superou até "cheiro de pobre" para vencer em Curitiba

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