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Em blog, massoterapeuta que morreu em voo de Teori se descreve como vaidosa e nada romântica

Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, no Rio

20/01/2017 18h42

Em uma das postagens do blog que mantinha desde 2011, a massoterapeuta Maíra Panas, 23, se descreve como uma pessoa vaidosa e nada romântica. “Quero ser enterrada depilada e com as unhas feitas”, escreve em um post em que explica que gosta de estar sempre arrumada, mesmo em casa.

Estudante de fisioterapia, a jovem estava com a mãe, professora da rede municipal de Juína (MT) Maria Hilda Panas Helatczuk, 55, no voo que também vitimou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki nesta quinta-feira (19), em Paraty (RJ). Ao todo, cinco pessoas morreram na tragédia ocorrida ontem.

Segundo relatos de pescadores, a jovem foi a única sobrevivente do acidente, mas morreu antes de ser resgatada.

Maíra, que, segundo amigos, acompanha a viagem a convite do empresário Carlos Alberto Fernandes Filgueiras por conta do aniversário da mãe, revezava revelações mais íntimas – “não gosto de usar calcinha” -- com poemas, reflexões sobre o cotidiano e fotos.

“Você descobre que eu gosto de poesias, o que é meio óbvio, mais não é por isso que precisa encher minha tela de poemas melosos, românticos demais, frasezinhas de "eu amo, minha vida, meu coração, e bláblá", isso me exaspera. Resumindo: sempre preferi o conto de Helena e Zorro da Cinderela e do príncipe”, escreve.

Parte da chamada geração Milleniuml, ela usava com frequência as redes sociais para se expressar. Um dia antes do acidente usou o Facebook para reclamar de um jovem que havia roubado uma sacola com pertences seus na rua. "Ontem [quarta-feira] me roubaram uma sacola de roupas e pertences que eu tinha acabado de comprar. Beleza. Que faça uso. Mas me deu tanta raiva destes miseráveis quanto seria se tivessem me roubado um carro", escreveu.

No fim de dezembro, postou uma foto do céu em sua cidade natal, no Mato Grosso, junto a um texto em que dizia, “Eu tenho casa, mas não tenho lar. Não me permito ficar muito tempo por onde passo, estou sempre de passagem.”

Maķra e a mće - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Maíra e a mãe, Maria
Imagem: Reprodução/Facebook
Amiga de infância de Maíra, a advogada Janaina Guariente, 30, disse que ela cursava fisioterapia em São Paulo e trabalhava havia seis meses como massoterapeuta de Filgueiras, 69, dono do Hotel Emiliano, uma das vítimas do acidente.

"Conheço Maíra desde criança. A gente lê e ouve umas coisas desencontradas, mas a verdade é que ela era uma pessoa maravilhosa, uma menina muito batalhadora. Gostava de dança, mas fez um curso de massoterapia e gostou. Além de tudo, ainda cursava fisioterapia. Já dona Maria Ilda era pedagoga de educação infantil na rede municipal, uma pessoa extraordinária –a casa dela está cheia de amigos hoje manifestando carinho. Elas eram muito amadas", contou.