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Advogado que discutiu com Moro deixa defesa de Lula

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

21/03/2017 16h15Atualizada em 21/03/2017 17h25

O advogado criminalista Juarez Cirino dos Santos comunicou ao juiz federal Sergio Moro, em documento protocolado na última sexta-feira (17),que deixará a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em processos derivados da operação Lava Jato.

“Não quero explicitar os motivos [da renúncia à defesa de Lula], e nem devo, por razões profissionais e éticas. Sempre exerci a defesa criminal com independência e autonomia e tenho pelo presidente a maior admiração pela sua atuação, em especial como presidente da República”, disse Cirino, ao UOL.

O advogado ganhou notoriedade, em dezembro de 2016, ao bater boca com Moro durante a audiência da engenheira civil Mariuza Aparecida Marques, funcionária da empreiteira OAS, suspeita de reformar um tríplex no Guarujá (litoral de São Paulo) para Lula.

"O senhor respeite o juízo", ouviu Cirino do juiz, que elevou o tom de voz. “Vossa excelência atua aqui como acusador principal”, respondeu Cirino, também em voz mais alta que o habitual. 

Respeitado como advogado e como acadêmico, Cirino foi professor titular de Direito Penal na UFPR (Universidade Federal do Paraná), onde foi colega do próprio Sergio Moro e do atualmente ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin.

“Evidentemente, com o juiz Moro tivemos certos, digamos, ‘atritos’, que são normais, pois ele tem seus métodos, e nós reagimos contra isso. Mas isso não tem nada a ver com a renúncia”, afirmou Cirino.

Na UFPR, de onde aposentou-se em 2012, Cirino foi chefe de Departamento de Direito Penal e Direito Processual Penal –em que Moro também é professor. “Tínhamos um bom relacionamento, com posições políticas e ideológicas antagônicas”, afirmou.

Os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, que também atuam na defesa do ex-presidente, não vão se pronunciar sobre a saída de Cirino.

No dia 3 de maio, o ex-presidente Lula prestará depoimento em Curitiba como réu no processo do caso do tríplex do Guarujá.