Soltura de Dirceu pelo STF é "incoerente", diz coordenador da Lava Jato
Coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, o procurador do MPF (Ministério Público Federal) Deltan Dallagnol publicou texto em suas redes sociais criticando a decisão da 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) de revogar, nesta terça-feira (2), a ordem de prisão do juiz federal Sérgio Moro e determinar a libertação do ex-ministro José Dirceu (PT), preso preventivamente desde 2015 e já condenado duas vezes na Lava Jato.
Para Dallagnol, o habeas corpus determinado por três votos a dois foi "incoerente", já que os ministros que votaram pela soltura de Dirceu --Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski-- "votaram para manter presas pessoas em situação de menor gravidade, nos últimos seis meses". O procurador descreveu três casos em tramitação no STF e concluiu que os ministros frustraram as esperanças depositadas pelos cidadãos brasileiros na mais alta Corte do país.
O procurador também afirmou que a decisão desta terça provoca um receio com relação à Lava Jato e que a liberdade de Dirceu "representa um risco real à sociedade"."A prisão é um remédio amargo, mas necessário, para proteger a sociedade contra o risco de recidiva [recaída no mesmo crime], ou mesmo avanço, da perigosa doença exposta pela Lava Jato", escreveu.
Na manhã desta terça, Dirceu foi denunciado pela terceira vez no âmbito da Lava Jato, pelo recebimento de R$ 2,4 milhões desviados de contratos da Petrobras pelas empreiteiras Engevix e UTC, segundo o MPF. Segundo Dallagnol, a nova acusação divulgada horas antes do julgamento do habeas corpus do ex-ministro no STF ocorre em um momento "oportuno". "Evidentemente, esta acusação já estava sendo amadurecida. É uma acusação que estava para ser oferecida e, em razão da análise de um habeas corpus, teve uma precipitação no objetivo de oferecer novos fatos ao STF", declarou o procurador.
Ao chegar ao Supremo na tarde de hoje, o ministro Gilmar Mendes foi questionado por jornalistas sobre se a ação dos procuradores poderia pressionar os ministros da segunda turma. "É o rabo abanando o cachorro", disse. "Se eles imaginam que vão constranger o Supremo, o Supremo deixava de ser Supremo."
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