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Lula critica Lava Jato e diz que é seu "jeito de governar" que está em julgamento

Lula critica procuradores e diz que sem alianças "não se ganha eleição" - Reprodução
Lula critica procuradores e diz que sem alianças "não se ganha eleição" Imagem: Reprodução

Leandro Prazeres e Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

11/05/2017 04h00

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou seu depoimento à Justiça Federal do Paraná, na última quarta-feira (10) para criticar os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato. Para Lula, que é réu em cinco processos, o que está sendo julgado é o que ele classificou como o “seu jeito de governar”.

Ontem, Lula prestou seu primeiro depoimento presencial ao juiz Sergio Moro referente ao processo que investiga a suposta de lavagem dinheiro praticada por ele em relação à compra de um tríplex construído e reformado pela construtora OAS no Guarujá (SP) que, segundo a acusação, seria destinado a Lula e sua mulher, Marisa Letícia, falecida no início deste ano.

Em seu depoimento Lula aproveitou uma das perguntas feitas por Moro a respeito de suas idas a inaugurações de obras para direcionar suas críticas aos procuradores da Lava Jato.

“O que eu estou percebendo é que desde que foi criado o tal do contexto [...] feito pelo Ministério Público na questão do Power Point, quem está sendo julgado é um estilo de governar. É um jeito de governar”, disse Lula ao se referir à apresentação feita por procuradores federais na qual utilizaram uma apresentação de Power Point em que Lula era apontado como o chefe de um esquema criminoso que desviava recursos da Petrobras.

Ainda se referindo à polêmica apresentação do MPF, Lula voltou a dizer que se sentia julgado pelo que havia feito como presidente da República, entre 2003 e 2010.

“Eu estou sendo julgado pelo que eu fiz no governo. Eu sou julgado pela construção de um Power Point mentiroso, que aquilo é ilação pura. Aquilo deve ser algum ou mais cidadãos que, desconhecendo a política, fizeram um Power Point porque já tinham a tese anterior de que o PT era uma organização criminosa, que o Lula, por ser presidente, era o chefe e que, portanto, o Lula montou o governo para roubar. Essa é a tese do contexto que está colocada [...] e eu sou obrigado a dizer o que foi feito comigo”, afirmou. 

“Se as pessoas que estão fazendo essa denúncia querem saber como se governa, eles têm que sair do Ministério Público, criar um partido político, ganhar, para eles saberem como é que se governa [...] Então, essas perguntas todas estão questionando um jeito de governar”, afirmou Lula.

Sergio Moro negou que o que estivesse em jogo no processo fosse a forma de governar do ex-presidente. “Vamos colocar assim, não está em julgamento aqui o seu governo”, disse Moro. Lula foi presidente por dois mandatos, de 2003 a 2010.

Lula defende indicação política de diretores da Petrobras

O ex-presidente também aproveitou seu depoimento para explicar que as indicações de diretores da Petrobras eram feitas com base nas alianças políticas realizadas antes e depois das eleições, mais uma vez defendendo que isso era necessário para o andamento do governo.

duque lula - Divulgação/Justiça Federal do Paraná - Divulgação/Justiça Federal do Paraná
Segundo as investigações, Renato Duque, da diretoria de serviços, teria sido indicado pelo PT
Imagem: Divulgação/Justiça Federal do Paraná

O caráter político das indicações dos diretores da Petrobras é apontado pelos procuradores da Operação Lava Jato como um elemento que contribuiu para a corrupção na estatal. As investigações revelaram que partidos como o PT, PMDB e PP teriam loteado algumas das principais diretorias da companhia para que seus diretores atuassem para operar o esquema de corrupção que desviava recursos da estatal em direção a políticos e partidos.

Segundo as investigações, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa teria sido indicado pelo PP e depois foi mantido no cargo com o apoio do PMDB. O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró seria um quadro do PMDB e Renato Duque, da diretoria de serviços, teria o respaldo do PT.

"Os diretores da Petrobras, eles são indicados pelas bancadas e pelos partidos, de acordo com o ministro da área", disse Lula.

"Isso vai para o Gabinete [de Segurança] Institucional, que faz uma investigação para saber se as pessoas têm algum compromisso, se são corruptos, se tem alguma passagem pela polícia. O GSI, ao detectar que não têm [restrições à indicação], passa para a Casa Civil, a Casa Civil comunica à Presidência, e isso é enviado ao Conselho de Administração, no caso da Petrobras, para indicar as pessoas. É assim que funciona", afirmou o ex-presidente.

Em outro trecho do seu depoimento, Lula afirma que fazer alianças políticas era fundamental tanto para vencer as eleições como para manter a governabilidade.

"Sem aliança política você não governa esse país e nem ganha eleição", disse o ex-presidente. "Eu não quero meia verdade, eu quero a verdade inteira nesse processo. Eu não quero ilações", disse o ex-presidente.

Apesar de descrever o que seriam as regras do jogo que garantiriam governabilidade ao seu governo, Lula disse em outro trecho de seu depoimento que, se o PT tivesse força política o suficiente, teria indicado todos os diretores da Petrobras.

“Se for levar em conta a realidade do mundo e o PT, se tivesse força, o PT teria indicado todos”, afirmou.

Confira a íntegra das alegações finais do ex-presidente a Moro

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