Topo

PSB pede que ministro entregue cargo e diz que governo perdeu legitimidade

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

18/05/2017 11h56Atualizada em 18/05/2017 12h08

O presidente do PSB (Partido Socialista Brasileiro), Carlos Siqueira, pediu nesta quinta-feira (18), em nota, que o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, entregue o cargo e volte a exercer o mandato de deputado federal pelo partido.

O pedido se dá após a revelação de que o presidente da República, Michel Temer, teria dado aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e do operador Lúcio Funaro, ambos presos na operação Lava Jato, segundo o dono da JBS, Joesley Batista, em depoimento à PGR (Procuradoria-Geral da República). A informação foi divulgada pelo jornal "O Globo" nesta quarta-feira (17).

Ao ouvir de Batista que Cunha e Funaro estavam sendo pagos para ficarem calados, Temer teria dito "Tem que manter isso, viu?". O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou, em nota divulgada pelo Palácio do Planalto, que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha" e negou ter participado ou autorizado "qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".

Segundo o presidente do PSB, até o momento um dos partidos da base aliada do governo, a sigla não pode “admitir” que um de seus membros faça parte de um governo “antipopular que perdeu, por inteiro, sua legitimidade para governar o Brasil”.

Siqueira ressalta, porém, que a indicação de Coelho Filho para o ministério “jamais” foi feita pela direção nacional da sigla.

Fernando Coelho Filho foi eleito deputado federal pelo PSB de Pernambuco e é filiado ao partido desde 2005. Em maio do ano passado, quando exercia seu 3º mandato parlamentar, ele foi convidado por Temer a assumir o Ministério de Minas e Energia.

Primeiro sinal de abandono

O presidente do partido é o primeiro a oficializar o pedido de desembarque de um dos ministros do governo. A relação conflituosa do PSB com o Planalto não começou com a revelação do depoimento de Joesley Batista. Em dezembro do ano passado, o presidente do PSB gaúcho, Beto Albuquerque, defendeu que a sigla deixasse a base aliada e entregasse todos os cargos no governo, incluindo o Ministério de Minas e Energia.

Já em abril deste ano, o PSB se declarou contra as reformas da Previdência e trabalhista, duas das principais propostas do Planalto. Ao todo, a bancada do partido no Congresso conta com 35 deputados e sete senadores.