Temer teria viajado em jatinho de Joesley Batista, diz TV; presidente nega
Um diário de bordo entregue por Joesley Batista, sócio da JBS, aos investigadores da Operação Lava Jato mostrou que o presidente Michel Temer (PMDB) teria feito uso do avião particular do empresário em janeiro de 2011. A informação foi revelada nesta terça-feira (06) pelo site O Antagonista e confirmada pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Temer teria viajado com sua mulher, Marcela Temer, em um jatinho cedido por Joesley Batista, para a Ilha de Comandatuba (BA), saindo de São Paulo no dia 12 de janeiro e voltando dois dias depois.
De acordo com diário de bordo do avião particular de Joesley, sete pessoas estavam no jatinho no voo de volta, entre elas Temer e sua família. O documento foi entregue por Joesley aos investigadores da Lava Jato. Nele, foram encontradas duas menções à "Família Senhor Michel Temer", da época em que Temer era vice-presidente.
Em nota enviada à TV Globo, a assessoria da Presidência afirmou que Temer, então vice-presidente, utilizou um avião da FAB para a viagem a Comandatuba em janeiro.
O documento pode demonstrar que Temer e Joesley tinham um relacionamento próximo, algo que tem sido negado pelo presidente.
Gravação de Joesley abriu crise no governo
Joesley Batista é o pivô do agravamento da crise política que ameaça o governo de Michel Temer. O empresário gravou uma conversa com o presidente na noite do dia 7 de março, no Palácio do Jaburu, fora do horário de visitas oficiais previstas em agenda, a partir das 22h32.
Nela, Joesley narrou a prática de diversos crimes, como o pagamento mensal de R$ 50 milhões ao procurador da República Ângelo Goulart, além de uma mensalidade ao ex-deputado Eduardo Cunha, preso desde outubro de 2016, em troca do silêncio dele. Ao ouvir que Joesley estava "bem com o Eduardo", Temer disse “Tem que manter isso aí, viu”.
A interpretação dada pela Procuradoria ao diálogo é a de que Temer concordou com a iniciativa do empresário de comprar o silêncio de Cunha. Em nota, o Palácio do Planalto alegou inocência de Temer. "A acusação não procede e o diálogo do presidente com o empresário Joesley prova isso".
Temer disse durante pronunciamento que a gravação é "clandestina", "fraudulenta" e "manipulada". O ministro do STF, Edson Fachin, relator da Lava Jato, afirmou, no entanto, que não há ilegalidade nos áudios gravados pelo empresário.
Segundo os investigadores, a reunião entre Joesley e Temer serviu para "escalar" Rocha Loures como interlocutor do presidente com a JBS para tratar dos interesses do grupo no governo. Loures é ex-assessor especial de Temer e está preso desde sábado (3). Foi flagrado recebendo de um dos executivos da JBS, Ricardo Saud, uma mala com R$ 500 mil.
O presidente passou a ser investigado no STF a partir do pedido de abertura de inquérito feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República) com base na delação premiada de executivos da JBS, que apura suspeitas da prática dos crimes de corrupção, obstrução à Justiça e formação de organização criminosa. O inquérito aberto também tinha como investigados Aécio e Loures, ambos afastados do mandato por Fachin. As investigações contra Temer e Aécio acabaram sendo separadas por decisão do próprio ministro.
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