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Marina chama resultado do julgamento do TSE de 'fatídico' e teme descrença da sociedade

Renato S. Cerqueira - 21.jun.2016/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Renato S. Cerqueira - 21.jun.2016/Futura Press/Estadão Conteúdo

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

10/06/2017 11h03

Candidata derrotada no primeiro turno da eleição presidencial de 2014, a ex-senadora Marina Silva, porta-voz da Rede Sustentabilidade, qualificou como “fatídico” o julgamento da chapa Dilma-Temer, que foi absolvida, por quatro votos a três, pelos ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na noite de sexta-feira (9).

A chapa formada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e seu então candidato a vice, o presidente Michel Temer (PMDB), foi acusada do crime de abuso de poder político e econômico por meio de financiamento ilegal da campanha.

No julgamento, o TSE ainda rejeitou a cassação do mandato do presidente e a inelegibilidade de Dilma e Temer.

“O reconhecimento da gravidade dos crimes por todos os ministros e a necessidade de uma punição severa pela Justiça criminal parece não ter servido de peso e medida para defender nossa democracia da fraude pelo abuso do poder político e econômico”, escreveu Marina em sua página no Facebook.

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Marina, que teve alta hospitalar na sexta após ficar seis dias internada após sentir dores abdominais, considerou o resultado um item de um “ciclo cínico”. “A esperança de ver nosso país trilhando novos caminhos ou pelo menos outras maneiras de caminhar, como disse o poeta Thiago de Mello, está sendo colocada à prova, infelizmente".

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Marina Silva, porta-voz da Rede Sustentabilidade

A ex-senadora defendia a cassação da chapa “como a melhor saída para a grave crise política, econômica, social e ética que o país vive”.

Ela elogiou o trabalho do relator da ação, o ministro Herman Benjamin, e dos outros dois integrantes da Corte que acompanharam seu voto: Luiz Fux e Rosa Weber, ambos também membros do STF (Supremo Tribunal Federal). Ela, porém, não fez críticas diretas aos ministros Tarcisio Vieira, Admar Gonzaga, Napoleão Maia, e Gilmar Mendes, presidente do TSE e ministro do STF.

“A negação, pela Justiça Eleitoral, do uso de dinheiro da corrupção para eleição da chapa Dilma-Temer impõe obstáculos ao restabelecimento da soberania popular --pressuposto fundamental de nossa Constituição--, que foi influenciada ilicitamente no último pleito”, avaliou Marina, que é apontada como possível candidata à Presidência em 2018 em chapa com o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa.

Reações

Temer comemorou a absolvição ao lado de ministros e auxiliares no Palácio do Planalto na noite de sexta-feira. Mais tarde, ele foi para a casa de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados.

Após o fim da sessão do TSE, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, em declaração à imprensa, disse que Temer recebeu a decisão como um “sinal de que as instituições nacionais continuam a garantir o bom funcionamento da democracia brasileira”.

Segundo o porta-voz de Temer, o presidente afirmou que a Justiça prevaleceu de forma “plena e absoluta” e o Judiciário de manifestou de forma “independente”. 

“Cada um de nós acatará com sobriedade, humildade e respeito a decisão do TSE. Como chefe do Executivo, o presidente da República seguirá, em parceria com o Congresso Nacional, honrando seu compromisso de trabalhar para que o Brasil retorne ao caminho do desenvolvimento e do crescimento, com mais oportunidades para todos”, finalizou Parola.

Já o advogado da ex-presidente Dilma Rousseff, Flávio Caetano, comemorou o resultado e avaliou que ele reforçará a defesa da ex-presidente também no STF, onde ela busca a anulação do impeachment.

"A defesa de Dilma Rousseff considera que a justiça foi feita e o TSE reconheceu os mais de 54 milhões de votos recebidos por ela em 2014. O TSE, assim, reconhece que o seu diploma e seus direitos políticos seguem preservados", afirmou o advogado.

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