Moro diz que Cabral traiu mandato e culpa ex-governador por ruína do Rio: "ganância desmedida"
Na sentença em que condenou o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) a 14 anos e dois meses de prisão, divulgada nesta terça-feira (13), o juiz Sérgio Moro, da 1ª instância da Lava Jato em Curitiba, destacou a culpa do político frente à má situação financeira fluminense e afirmou que o peemedebista traiu o seu mandato.
Segundo Moro, “a situação quase falimentar” do Estado tem origem, entre outros fatores, nas cobranças sistemáticas de propinas pelo ex-governador durante o seu mandato. “A responsabilidade de um Governador de Estado é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade”, afirma o magistrado.
“Não pode haver ofensa mais grave do que a daquele que trai o mandato e a sagrada confiança que o povo nele deposita para obter ganho próprio.”
Sérgio Moro, juiz federal
O ex-governador foi condenado por corrupção passiva, por pedir e receber vantagem indevida no contrato de terraplanagem do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), e 12 crimes de lavagem de dinheiro. Essa é a primeira condenação, no âmbito da Lava Jato, contra Cabral. O ex-governador também é réu em outros nove processos, na 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro, após denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O magistrado disse ainda que as ações de Cabral mostram “ganância desmedida” e que seria uma “afronta” mantê-lo em liberdade frente aos sacrifícios impostos à população do Rio por conta de sua gestão, como “aumentos de tributos e corte de salários e de investimentos públicos e sociais”. “Uma versão criminosa de governantes ricos e governados pobres.”
Para Moro, o caso de Cabral é "assustador" e revela a "prática sistemática de crimes graves de corrupção".
Sérgio Cabral está preso desde novembro passado após ser acusado pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro de chefiar esquema de corrupção durante sua gestão à frente do Estado (2007 a 2014).
Segundo Moro, o crime de corrupção envolveu o recebimento de R$ 2,7 milhões em propina, em valores de 2008, o que, segundo o juiz, é "um valor bastante expressivo".
Além de Cabral, também foram condenados o ex-secretário e braço direito de Cabral, Wilson Carlos, e o operador financeiro Carlos Miranda.
O juiz afirmou que os valores recebidos como propinas não foram ainda recuperados. Segundo ele, há indícios de Cabral e Wilson Carlos, ex-secretário de Governo, podem ter "esvaziado suas contas antes da efetivação do bloqueio ordenado por este Juízo".
Em novembro, quando determinou a prisão preventiva de Cabral, Moro decretou o bloqueio de R$ 10 milhões do ex-governador e de outros 11 investigados.
O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, afirmou ao UOL que vai recorrer da condenação. Por volta das 12h, a defesa informou que ainda estava lendo a sentença para analisar o mérito da decisão e verificar quais serão os argumentos do recurso.
A defesa de Wilson Carlos informou que ainda está analisando a decisão de Moro.
O advogado de Carlos Miranda, Daniel Raizman, disse ao UOL que pretende recorrer da decisão. "Não houve prejuízo da Petrobras, uma vez que a licitação foi conforme a direito. Não há provas de solicitação de dinheiro por parte dos agentes públicos nem que CM [Carlos Miranda] tenha recebido valores. Tampouco há provas que os valores gastos tem origem ilícito (sic) nem provas de ocultação de patrimônio por parte de Carlos Miranda", afirmou a defesa.
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