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Artistas pedem aprovação de denúncia contra Temer na Câmara: "Zveiter, estamos de olho"

Reprodução/Whatsapp
Imagem: Reprodução/Whatsapp

Ana Cora Lima e Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

06/07/2017 18h08

Um grupo de artistas se reuniu nesta quarta-feira (5) na casa de Caetano Veloso e Paula Lavigne em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, em prol da aceitação pela Câmara dos Deputados da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), por corrupção passiva.

A ação foi batizada de “campanha #342”, em referência ao número de votos necessários para que o texto seja levado ao STF (Supremo Tribunal Federal).

O primeiro foco do grupo é o relator da denúncia na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o deputado federal Sergio Zveiter (PMDB-RJ). Eles propõem, como estratégia, um compartilhamento simultâneo de imagens do peemedebista com a hashtag #ZVeiterEstouDeOlhoEmVoce a partir da noite de hoje.

Caberá a Zveiter analisar a acusação apresentada na semana passada pela PGR e os argumentos de defesa de Temer para recomendar a aceitação ou rejeição da SIP (Solicitação para Instauração de Processo) 1/2017, referente à denúncia, que só pode ser julgada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Após a análise pela CCJ --que pode aprovar ou rejeitar o parecer do relator--, a denúncia segue para o plenário da Câmara, onde será votada. Se 342 deputados votarem pela admissibilidade da denúncia, ela é encaminhada para o STF.

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Imagem: Divulgação/#campanha342

“@ZveiterSergio, você é deputado federal pelo Rio de Janeiro e responsável pelo relatório da Comissão de Justiça sobre as denúncias de Temer. Está em suas mãos recomendar ou não que Temer seja investigado por seus conhecidos crimes. Essa é a hora de fazer pressão, vamos compartilhar esse post, entrem na página do deputado e deixem mensagens, mobilizem seus grupos! #ZveiterEstouDeOlhoEmVoce #EstamosDeOlho #ForaTemer”, escrevem em uma mensagem já compartilhada via redes sociais.

Além dos donos da casa, também estavam presentes as atrizes Renata Sorrah, Aline Moraes, Dira Paes, Letícia Sabatella e a apresentadora de TV Fernanda Lima, entre outros.

O deputado federal Alessando Molon (Rede-RJ), o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também acompanharam o encontro, definido como uma “ação suprapartidária, com o intuito de pressionar os deputados em favor da aceitação da denúncia contra Michel Temer”.

Já faz algumas semanas que Caetano e Paula têm reunido artistas em sua casa contra o governo Temer. Os dois foram responsáveis pelo protesto pedindo eleições diretas realizado em junho na praia de Copacabana. Na semana passada, o grupo fez um samba pedindo a saída do presidente, apelidado de "vampirão".

A reportagem do UOL procurou a assessoria de imprensa de Zveiter por telefone, mas até as 17h30 não havia conseguido contato.

Acusação x defesa

Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer se valeu do cargo de presidente para receber vantagem indevida de R$ 500 mil, por meio do ex-deputado Rocha Loures, oferecida pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS e cuja delação desencadeou a atual investigação contra o peemedebista. De acordo com a denúncia, Temer e Loures ainda "aceitaram a promessa" de vantagem indevida de R$ 38 milhões.

Janot aponta na denúncia que a propina tratada por Loures com os executivos da JBS se destinava ao presidente. "As provas trazidas aos autos reforçam a narrativa dos colaboradores de que em nenhum momento o destinatário final da propina era Rodrigo Loures. A vantagem indevida, em verdade, destinava-se a Michel Temer, a quem os colaboradores e o próprio Rodrigo Loures se referem como 'chefe' ou 'Presidente'".

O advogado de Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, entregou na última quarta-feira (5) a defesa de seu cliente à CCJ. "O presidente da República não cometeu crime, não cometeu corrupção passiva. E eu lanço um respeitoso desafio aos acusadores para que demonstrem através de um único indício, por mais frágil que seja, que o presidente da República teria solicitado algo, recebido algo ou favorecido alguém", declarou Mariz, após a entrega da defesa.