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Após expulsão, Kátia Abreu ataca cúpula do PMDB e chama Jucá de "crápula do Brasil"

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

29/11/2017 16h05Atualizada em 29/11/2017 19h18

Em seu primeiro pronunciamento no plenário do Senado depois de ter sido expulsa do PMDB na última quinta-feira (23), a senadora Kátia Abreu (TO) chamou o presidente do partido, o também senador Romero Jucá (RR), de "canalha", "crápula do Brasil" e "ladrão de vidas e almas alheias".

"O Brasil e o Tocantins sabem que fui expulsa de uma legenda cuja cúpula não reúne condições morais e que virou o escárnio da nação", declarou a senadora, durante o discurso desta quarta (29).

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O Conselho de Ética do partido decidiu expulsá-la, por unanimidade, devido à postura crítica da parlamentar ao governo do presidente Michel Temer (PMDB) e ao fato de atuar de forma contrária às orientações do Palácio do Planalto no Senado.

Kátia foi ministra da Agricultura do governo Dilma Rousseff (PT) e aliada da presidente cassada durante o processo de impeachment. A petista, inclusive, divulgou nota de "solidariedade e apoio que ela fez por merecer ao longo de sua história de vida" após a decisão do PMDB.

Durante sua fala na tarde de hoje, a senadora fez uma série de perguntas retóricas sobre a sua expulsão. "Por que me expulsaram? Porque tenho princípios? Porque tenho ética? Porque tenho coerência? Porque não sou oportunista? Porque não faço parte de quadrilha? Porque não faço parte de conluio? Porque não estou presa? Porque não uso de tornozeleira? Porque não tenho apartamento cheio de dinheiro? Ou porque não apareceu nenhuma mala cheia de dinheiro da senadora Kátia Abreu?", declarou.

Após discurso em que atacou a cúpula do partido e se dirigiu ao povo do Tocantins, a senadora citou nominalmente Jucá depois que o senador João Alberto Souza (PMDB-MA), que é 2º vice-presidente da Casa e presidia a sessão aberta às 14h, não permitiu que dois parlamentares de oposição fizessem comentários em solidariedade à parlamentar --que se manifestou pela liderança da minoria.

"Normalmente, se fosse uma outra figura, especialmente da cúpula do PMDB, sr. Presidente, têm tido muito mais condescendência nesta hora. Logo o senhor que é o Presidente da Comissão de Ética do PMDB, que nós sempre tivemos uma convivência bastante razoável, o senhor que se diz e tem praticado aqui a democracia. Eu lhe peço que deixe os meus colegas também desabafarem neste momento", interveio a senadora.

Souza respondeu que estava obedecendo o Regimento Interno do Senado e explicou que a situação seria diferente caso ela tivesse pedido para falar normalmente, e não pela liderança.

"Eu tenho certeza, senador, que se fosse aqui Romero Jucá, esse canalha, esse crápula do Brasil, esse ladrão de vidas e almas alheias, o senhor teria sido mais condescendente com ele", disse Kátia Abreu, que encerrou sua fala agradecendo os colegas que "que queriam se manifestar e não o puderam".

Após o discurso e as intervenções, a ex-ministra foi cumprimentada e abraçada por outros parlamentares, de oposição, como Paulo Paim (PT-RS), Ângela Portela (PDT-RR), Acir Gurgacz (PDT-RO), além de ser defendida no microfone por Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

A expulsão de Kátia do PMDB, na semana passada, foi acatada de imediato por Jucá, que elogiou o desfecho por meio de nota à imprensa. "A medida demonstra nova fase de posicionamento do partido", afirmou.

Na ocasião, Kátia, que estava fora do país, divulgou nota dizendo que foi expulsa "exatamente por não ter feito concessão à ética na política" e lembrou que "a mesma comissão de 'ética' não ousou abrir processo contra membros do partido presos por corrupção e crimes contra o país".

Procurada, a assessoria de imprensa de Jucá informou que ele não vai se manifestar sobre o discurso feito por Kátia Abreu nesta quarta.