Ex-secretário de Cabral confirma a Bretas 'taxa de oxigênio' e diz que entregará nomes se fechar delação
O ex-secretário de Obras do Estado do Rio de Janeiro Hudson Braga, réu em ações penais da Operação Lava Jato junto com o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), reafirmou nesta quinta-feira (14) ter recebido propina da construtora Andrade Gutierrez durante execução do projeto de urbanização do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas favelas do Complexo de Manguinhos, na zona norte carioca.
Em interrogatório na 7ª Vara Federal Criminal, do juiz Marcelo Bretas, Braga negou ter sido beneficiado com vantagens ilícitas de qualquer outra empreiteira.
"Não houve [pagamento de propina] nem no metrô nem em nenhuma outra obra", declarou ele, em referência à construção da linha 4 do metrô, obra projetada para os Jogos Olímpicos de 2016.
Em maio, também em interrogatório na 7ª Vara, Braga já havia admitido o recolhimento da propina da Andrade Gutierrez --que, segundo denúncia do Ministério Público Federal, consistia em 1% do valor do contrato e era chamada de "taxa de oxigênio". Na ocasião, o réu disse ainda que o dinheiro ilícito não era apenas para ele, e sim para um grupo de pessoas --incluindo subsecretários, presidentes de empresas e assessores especiais.
"Essa questão de 1% não foi criada por mim. Eu fui comunicado que deveria recolher esse 1%. (...) Os pagamentos foram feitos para um grupo de pessoas que trabalhava especificamente nessa obra [PAC de Manguinhos]. (...) Meu erro foi exatamente esse, ter acatado isso", afirmou nesta quinta o ex-secretário.
Na versão dele, a ordem para que a propina fosse recolhida foi dada pelo ex-secretário de Estado de Governo Wilson Carlos, preso e condenado na Lava Jato. Carlos, que também esteve na 7ª Vara na tarde de hoje, optou por permanecer em silêncio durante interrogatório.
Braga disse que possui planilhas com os nomes das pessoas que receberam a taxa de oxigênio paga pela Andrade Gutierrez, mas que preferia não revelar durante audiência na 7ª Vara. Afirmou a Bretas que prestaria tais informações em um eventual acordo de delação premiada com os promotores do MPF.
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