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Homem fura bloqueio policial em frente à prisão de Lula e provoca Manuela com grito pró-Bolsonaro

Bernardo Barbosa e Nathan Lopes

Do UOL, em Curitiba

09/04/2018 13h20Atualizada em 09/04/2018 18h36

Um homem que declarou apoio ao deputado federal e pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) causou uma confusão na manhã desta segunda-feira (9) em Curitiba ao provocar a pré-candidata presidencial do PCdoB, Manuela D'Ávila, diante de militantes de esquerda que estão reunidos para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Logo depois de Manuela falar com jornalistas na vigília montada pelos apoiadores de Lula nos arredores da sede da Polícia Federal em Curitiba --onde o ex-presidente está preso--, um homem não identificado passou por uma fileira de policiais que isolava o acesso ao prédio da PF e pediu a Manuela para tirar uma foto. Já ao lado dela, ele gritou "Aqui é Bolsonaro, porra!".

Diante da provocação, militantes que estavam do outro lado do bloqueio se movimentaram em direção ao homem, que logo começou a se retirar, andando de costas, recuando para a fileira de policiais. Parlamentares presentes, como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), ajudaram a acalmar os ânimos da militância para que a confusão não se estendesse.

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O provocador deixou o local escoltado por dois policiais. Manuela afirmou que o homem entrou na sede da PF e pediu que ele fosse identificado. "Nenhum homem tem direito de tocar no meu corpo", disse a pré-candidata. "Provocação não é problema, quero saber quem é o agressor."

"A gente quer descartar que seja alguém que trabalha aqui dentro", disse Lindbergh. "Porque se for, é muito grave."

Manuela, Lindbergh e Pimenta chegaram a entrar no pátio da PF para tentar falar com o superintendente da corporação no Paraná, Maurício Leite Valeixo. Em seguida, Lindbergh afirmou que iriam a uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência.

Pouco tempo depois, vídeo com a ação foi publicado em redes sociais de Bolsonaro.

Mais tarde, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que o homem que provocou Manuela é um policial civil. A assessoria de imprensa da Polícia Civil do Paraná não confirmou a informação e disse que está fazendo um levantamento sobre o possível vínculo do homem com a corporação.

Antes da confusão envolvendo Manuela, o clima era de tranquilidade na região da PF e no acampamento. Manifestantes a favor do petista voltaram a desejar "Bom dia, companheiro Lula" por volta de 9h30, como já haviam feito no domingo. Na PF, pessoas com atendimento marcado passavam por triagem para entrar no prédio. Os acessos à região ainda são monitorados pela Polícia Militar.

No sábado (7), o juiz Ernani Mendes Silva Filho, da Justiça Estadual do Paraná, decidiu proibir integrantes de "movimentos" de transitarem no entorno do prédio da PF.

A decisão tem caráter liminar (temporário) e foi dada a pedido da Prefeitura de Curitiba. O juiz não citou que movimentos e pessoas são alvos da ordem judicial. Silva Filho autorizou o "auxílio de força policial" para seu cumprimento.

Manuela suspende pré-campanha

Manuela D'Ávila, disse em Curitiba que suspendeu as suas atividades de pré-campanha para defender a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o direito dele de se candidatar.

"Suspendi todo o conjunto de atividades minhas como pré-candidata", declarou. "Acho que qualquer debate sobre a eleição vindoura que não passe pela ideia de que o Brasil tem seu principal líder popular preso, e que essa é uma prisão política, é um debate equivocado."

Quando questionada se, com uma eventual soltura de Lula, a agenda de pré-campanha será retomada, Manuela respondeu: "Um dia depois do outro."

Segundo Manuela, qualquer debate político que possa dividir a esquerda "deve ser colocado em segundo plano" nesse momento. Ela afirmou não trabalhar com a hipótese de Lula ficar fora da campanha eleitoral, apesar de ele estar preso e, em tese, inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

Em relação à incerteza quanto a uma eventual reversão, no STF, do entendimento que permite a prisão após a condenação em segunda instância, a pré-candidata do PCdoB reafirmou que não trabalha "com plano B", mas disse também que "outros fatores da realidade brasileira, do Judiciário, vão contar".