Abrigar preso condenado não é finalidade da PF, dizem delegados após pedido para transferir Lula
Relatos de intimidações motivaram o pedido feito pelo Sindicato dos Delegados de PF (Polícia Federal) do Paraná para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja transferido do prédio da Superintendência em Curitiba, onde ele está preso desde sábado (7). “Aregião da nossa sede não tem a mínima condição de receber esse condenado”, disse Algacir Mikalovski, presidente do sindicato.
Desde a chegada de Lula, a região onde fica a PF tem bloqueios no trânsito e uma triagem para acesso ao prédio, que também atende ao público para serviços como emissão de passaporte. Cerca de mil pessoas, segundo estimativa da policia, estão acampadas na região residencial, o que tem gerado contratempos para moradores do entorno.
Nesta quarta-feira (11), o sindicato formalizou o pedido diretamente à Superintendência e espera o encaminhamento da questão à 12ª Vara Federal em Curitiba, responsável pela custódia de Lula. Caso isso não aconteça, um pedido do sindicato será feito diretamente à Justiça Federal pela transferência de Lula.
Entre os relatos apresentados à direção da PF no Paraná para sugerir a transferência está o de um funcionário que não consegue "chegar na sua residência e tampouco sair”. Eles também relatam no pedido a dificuldade de moradores da região em se locomover.
“Um dos nossos filiados relatou uma situação concreta. Soube que estavam querendo saber da casa dele, que [manifestantes] estavam planejando fazer alguma coisa”, afirma. O sindicato prefere não passar mais detalhes sobre a questão. Em nota, o “Acampamento Lula Livre” disse que “o tema dos moradores está sendo usado com má-fé, por pessoas e grupos que querem desviar o tema central, que é o arbítrio da prisão de Lula”.
O sindicato chegou a sugerir a transferência para uma unidade das Forças Armadas no estado. “É uma questão de sugestão”, disse, falando ser necessário um local que tenha segurança e efetivo para a custódia.
Além disso, Mikalovski relata que servidores que deveriam estar trabalhando na investigação de casos foram deslocados para trabalhar na segurança do prédio. “Isso nos traz grande prejuízo”, afirmou o líder do sindicato. “Quem tem propriedade para falar é quem trabalha aqui nesse prédio."
Em um manifestação nesta terça-feira (11), a PF disse que “todos os procedimentos adotados com relação ao ex-presidente são os mesmos aplicados aos demais custodiados”. “A Polícia Federal poderá, eventualmente e com o conhecimento prévio do juízo, realizar alterações apenas quando necessárias para a segurança das instalações, usuários e equipes policiais”, diz a nota.
Vice-presidente do PT, o ex-ministro Alexandre Padilha disse que, “se há incômodo com as manifestações, que deem a liberdade ao ex-presidente”. “As manifestações vão só aumentar”, comentou ao Padilha ao UOL.
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