Sob ordem de Jungmann, PF abre inquérito sobre vazamento em investigação contra Temer
Após receber uma cobrança pública do presidente Michel Temer (MDB), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, informou na tarde desta sexta-feira (27) que determinou ao diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, "a imediata apuração" do "possível vazamento" ocorrido no inquérito que tem o presidente como um dos alvos.
Em breve nota divulgada no início da noite, a PF informou que instaurou inquérito de apuração conforme ordem do ministro.
Nesta sexta, o jornal "Folha de S.Paulo" publicou reportagem mostrando que a investigação da PF sugere que Temer "lavou" propina por meio de imóveis da família. O caso é referente ao inquérito dos portos, em que o presidente é suspeito de ter beneficiado empresas do setor por meio da edição de um decreto em troca de propina.
Pela manhã, o presidente fez um pronunciamento no Palácio do Planalto no qual declarou que a suspeita da PF é um “disparate” e uma “perseguição criminosa disfarçada de investigação”. Depois de bater com o punho cerrado no púlpito em que estava por diversas vezes, ele disse que sugeriria Jungmann que investigasse como se deram os vazamentos à imprensa.
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Em nota, o ministro declarou que, "no Estado democrático de direito, não é admissível comprometer o legítimo direito de defesa e a presunção de inocência de qualquer cidadão ou do Senhor Presidente da República".
Ele apontou ainda que a violação do sigilo profissional pelos responsáveis pela condução "dessa ou de qualquer outra investigação" é conduta passível de sanção administrativo-disciplinar, cível e penal. "Além disso, depõe contra o reconhecido profissionalismo das instituições investigadoras", comentou.
Suposta lavagem de dinheiro em imóveis
Segundo reportagem da Folha, a investigação da PF indica que Temer teria lavado dinheiro ilegal por meio de aquisições e reformas em residências de familiares por meio de dois amigos: o coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista de Lima Filho e José Yunes, ex-assessor especial dele na Presidência que pediu demissão em dezembro de 2016 após citado em delação.
Nesta quinta (26), a Polícia Federal pediu a prorrogação do prazo do inquérito por mais 60 dias ao STF (Supremo Tribunal Federal). Todos os envolvidos negam quaisquer irregularidades.
Em pronunciamento nesta manhã, Temer enumerou os empregos que teve, como advogado, professor universitário, procurador do estado de São Paulo e vice-presidente, entre outros, para justificar que os montantes envolvidos nas transações investigadas são compatíveis com seu rendimento acumulado. Temer afirmou ainda que "qualquer professor de matemática" consegue concluir que ele teria recursos para comprar os imóveis que possui.
“Só um irresponsável e mal-intencionado ousaria tentar me incriminar, minha família, minha filha, meu filho de nove anos de idade, como lavadores de dinheiro. Dizer que lavei dinheiro numa casa alugada. Dizer que gastei R$ 2 milhões. [...] Que mundo em que estamos? Digo aos senhores que é revoltante, é um disparate”, afirmou.
O presidente também criticou o vazamento de informações sobre o inquérito do qual é alvo. Apesar de ressaltar a liberdade de imprensa, Temer reclamou que quando sua defesa tenta obter acesso aos documentos da investigação, os pedidos são negados pelo fato de o processo estar em sigilo.
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