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Lula será interrogado por videoconferência em processo da Zelotes

Lula em evento no Rio, em janeiro deste ano - Mauro Pimentel - 16.jan.2018/AFP
Lula em evento no Rio, em janeiro deste ano Imagem: Mauro Pimentel - 16.jan.2018/AFP

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

21/05/2018 12h36Atualizada em 21/05/2018 13h35

Preso desde o começo de abril em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será interrogado por videoconferência em um processo em que é réu na Operação Zelotes, que corre na Justiça Federal de Brasília. O interrogatório está marcado para as 9h do dia 21 de junho.

Na decisão sobre o interrogatório, publicada na manhã desta segunda-feira (21), o juiz Vallisney de Souza Oliveira diz que, como Lula "cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba/PR", a "medida mais adequada" é a realização do interrogatório via videoconferência.

O magistrado diz também que, caso a defesa queira pedir que o interrogatório seja presencial, deve fazê-lo com no mínimo dez dias de antecedência. Procurados, os advogados de Lula informaram que não vão comentar o assunto.

É possível que, por causa do interrogatório, Lula deixe pela primeira vez as dependências da PF desde que foi preso, no dia 7 de abril. Isso porque o ex-presidente deve falar em uma sala de audiências no prédio da Justiça Federal do Paraná, que fica a cerca de 5 km da Superintendência da PF.

Lula cumpre uma pena de 12 anos e um mês de prisão depois de ter sido condenado em segunda instância no caso do tríplex, da Operação Lava Jato, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua defesa afirma que não há provas dos crimes imputados ao ex-presidente, e tem direito a recorrer da condenação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal).

Entenda o caso

Neste processo da Operação Zelotes, Lula é réu por lavagem de dinheiro, organização criminosa e tráfico de influência.

Em dezembro de 2016, a Justiça Federal de Brasília aceitou denúncia do MPF (Ministério Público Federal) acusando Lula de interferir na compra de 36 caças do modelo Gripen, da sueca Saab, pelo governo brasileiro e na prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da MP (Medida Provisória) 627. Os casos ocorreram entre 2013 e 2015, quando Lula já não era presidente --à época, a presidente era a também petista Dilma Rousseff.

Segundo o MPF, na condição de ex-presidente, Lula integrou um esquema que vendia a promessa de que ele poderia atuar junto ao governo para beneficiar as empresas MMC (vendedora e fabricante de carros da Mitsubishi); Caoa (vendedora e fabricante de carros da Hyundai); e Saab. As companhias eram clientes do escritório Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Ltda (M&M), empresa de lobby do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni.

Em troca, de acordo com os procuradores, Mauro e Cristina repassaram a Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, pouco mais de R$ 2,5 milhões.

Quando a Justiça Federal aceitou a denúncia do MPF, a defesa de Lula e Luís Cláudio divulgou nota chamando a decisão de "mais uma acusação frívola contra o ex-presidente e seus familiares". O texto dizia ainda que a denúncia "faz parte de uma tática de tentar desconstruir a imagem de Lula e de prejudicar a sua atuação política".