PP busca apoio de Bolsonaro para candidatura de Derrite ao Senado em 2026
Cotado para disputar o Senado por São Paulo em 2026, Guilherme Derrite ainda não conquistou o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para concorrer ao cargo. A informação é do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI), que garante que o secretário estadual de Segurança Pública vai trocar o PL pelo partido em busca da vaga.
O que aconteceu
PP buscará apoio de Bolsonaro para que Derrite seja candidato do partido ao Senado. A ideia é que o secretário faça dobradinha com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), já que serão duas vagas em disputa para senador no próximo pleito. "A única pessoa certa na chapa (para Senado) é o Eduardo Bolsonaro. Ainda não se decidiu quem o presidente Bolsonaro vai apoiar (para outra vaga). Vamos construir isso com Bolsonaro", afirmou Nogueira ao UOL.
Nogueira destacou que Derrite é um nome de "muita confiança" de Bolsonaro. Ainda segundo ele, o ex-presidente já foi informado das pretensões do secretário de concorrer ao Senado. O titular da SSP esteve com Bolsonaro em Brasília no fim de novembro e teria conversado sobre o tema, segundo apurou o UOL. "Ele (Bolsonaro) sabe que Derrite é o principal nome, depois do Eduardo, capaz de ganhar a eleição para o Senado", afirmou o presidente nacional do PP.
Derrite também pode ser candidato do PP ao governo paulista, caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) decida disputar a Presidência da República. O governador disse em entrevista ao programa "Canal Livre", da Band, no último domingo (15), que vai tentar a reeleição ao cargo. Para Nogueira, no entanto, essa definição ficará apenas para 2026. O UOL procurou Derrite, que não se manifestou.
"Ele vai dizer isso (que será candidato à reeleição) até o final do ano que vem", disse Nogueira. "Só se ele for louco de dizer ao contrário". Na avaliação do presidente do PP, admitir pretensões presidenciais agora seria um "erro político" semelhante ao cometido pelos ex-governadores tucanos José Serra, Geraldo Alckmin e João Doria, que deixaram os cargos para disputar a Presidência e não tiveram êxito.
Derrite trocará PL pelo PP para concorrer ao Senado, diz Nogueira. O secretário já foi filiado ao partido, mas, segundo o presidente da sigla, se filiou à legenda de Bolsonaro porque o PP não quis apoiar a candidatura de Tarcísio ao governo em 2022 — a legenda apoiou Rodrigo Garcia (PSDB), derrotado no primeiro turno, e só esteve com o então candidato no segundo turno contra Fernando Haddad (PT).
Mudança só deve acontecer em 2026 durante a janela partidária. Esse é o período previsto na legislação eleitoral em que políticos podem trocar de legenda sem perder o mandato por infidelidade partidária. "O PL não vai liberar ele antes da janela. Queria muito que o Valdemar [da Costa Neto] liberasse antes, mas ele não vai querer liberar antes um campeão de votos", avaliou Nogueira.
UOL procurou a assessoria de Derrite para comentar as declarações de Nogueira. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. Em caso de manifestação, este texto será atualizado.
Segurança pública e fogo amigo
Para Nogueira, crise na segurança pública não prejudica pretensões de Derrite. "O estado [de São Paulo] tem índices fantásticos na violência, os melhores do Brasil", afirmou. O secretário esteve no centro uma crise política gerada por cenas constantes de violência policial, como o caso do rapaz jogado de uma ponte por um PM.
Nogueira vê "fogo amigo" de aliados de Tarcísio contra Derrite após nome do secretário ser ventilado como possível candidato a governador. "Não tenha dúvida [de que houve fogo amigo]. Essa exposição que ele teve agora foi desproporcional, não foi algo natural. Isso é gente querendo que ele não tenha sucesso para eleição em 2026", declarou.
Senador afirmou, porém, que "seria leviano" dizer de onde vem o fogo amigo. Como mostrou o UOL, aliados de Derrite no PP avaliam que o movimento para desgastar o secretário foi gestado no entorno do titular da Secretaria de Governo e Relações Institucionais, Gilberto Kassab.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.