Azeredo é considerado foragido, diz polícia; advogado afirma que há acordo para apresentação
O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) é considerado foragido pela Polícia Civil mineira. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do órgão na manhã desta quarta-feira (23). Ontem, a Justiça de Minas Gerais expediu um mandado de prisão contra Azeredo após rejeitar os últimos recursos movidos pela defesa do tucano. Azeredo foi condenado a 20 anos e um mês de prisão por crimes relacionados ao mensalão tucano.
Houve a expectativa de que Azeredo se apresentasse até as 22h de ontem, o que não ocorreu. Advogado de Azeredo, Castellar Guimarães Neto afirmou que a defesa do tucano fechou acordo com a Polícia Civil para a apresentação do ex-governador. Ele vai iniciar o cumprimento de sua pena em uma sala de um batalhão do Corpo de Bombeiros. A informação foi confirmada pelo superintendente de Investigação e Polícia Judiciária da Polícia Civil de Minas Gerais, Carlos Capristrano.
Ainda de acordo com o delegado, a sala em que Azeredo ficará não terá privilégios. “A sala terá apenas o indispensável à sobrevivência dele durante o período em que ele ficar custodiado por lá. Teremos agentes penitenciários diuturnamente fazendo a guarda dele”, afirmou.
Desde a noite da última terça-feira, veículos da Polícia Civil estão em frente ao prédio onde o ex-governador mora, no bairro Serra, área nobre da capital mineira. Porteiros do prédio, no entanto, afirmaram na manhã de hoje que o político não está no local. Há movimentação de repórteres em frente ao 1º Distrito Policial de Belo Horizonte, no bairro Santo Antônio, na zona sul da cidade, onde se espera que Azeredo possa ser apresentado.
Capristrano informou que agentes foram deslocados para localidades na região metropolitana e que há policiais de prontidão nos aeroportos que atendem à capital mineira como o da Pampulha e o de Confins.
“A partir do momento em que a polícia identificar (onde ele está), independentemente destas tratativas com os advogados, a gente pode dar cumprimento ao mandado de prisão”, afirmou ele.
Segundo despacho do juiz estadual Luiz Carlos Rezende e Santos, Azeredo não devera usar algemas durante sua prisão, salvo em situações "excepcionalíssimas". Além disso, não devera usar uniforme de presidiário. O ex-governador poderá usar as roupas que forem levadas por sua família.
O juiz considerou em sua decisão que é "inegável que o sentenciado detém status de ex-governador do estado (...) o qual lhe deferiu a autoridade máxima de comando sobre a Polícia Civil e Militar de Minas Gerais", disse um trecho do documento.
Advogado fala em "situação de desespero"
Para o advogado de Azeredo em Brasília, Carlos Velloso, a não apresentação de Azeredo seria resultado do “desespero”. “Isso não faz parte da estratégia de defesa. Acho que é uma situação de desespero. A defesa não pensa nesse tipo de estratégia”, afirmou Velloso. O advogado é um dos que defendem Azeredo junto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A defesa do ex-governador ainda aguarda uma decisão da Corte em relação a um habeas corpus que pede que Azeredo não seja preso até que a presidência do TJMG possa apreciar dois outros recursos.
11 anos de processo
Nesta terça-feira (22), por 5 votos a 0, o último recurso do ex-governador de Minas Gerais para evitar a prisão foi negado pela 5ª Câmara do TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais).
O processo contra Azeredo se arrasta na Justiça há 11 anos. Ele foi denunciado pela primeira vez em 2007, pela PGR (Procuradoria-Geral da República), quando ainda era senador e tinha foro privilegiado.
Em 2014, quando os procuradores pediram sua condenação ao STF (Supremo Tribunal Federal), Azeredo, que era deputado federal, renunciou ao cargo, perdendo o foro privilegiado e fazendo com que o processo recomeçasse da estaca zero.
Em 2015, Azeredo foi condenado em primeira instância.
Sua sentença foi mantida em 2017. A defesa do político disse que pretende recorrer para evitar que ele seja preso.
Na última sexta-feira (18), seus advogados impetraram um habeas corpus com pedido de liminar solicitando um salvo-conduto para impedir sua prisão caso o TJ-MG rejeitasse seus recursos nesta terça-feira.
Caso é considerado embrião do mensalão do PT
O mensalão tucano é considerado por investigadores como o “embrião” do mensalão do PT. Entre as semelhanças estavam a utilização de contratos publicitários para abastecer uma contabilidade paralela e desviar esses recursos para campanhas e políticos.
Um dos principais atores dos dois esquemas é o publicitário Marcos Valério, condenado pelo mensalão do PT. Em depoimento, Valério disse que o mensalão tucano envolvia diversas outras pessoas.
No último dia 14, a Justiça mineira condenou cinco anos e sete meses de prisão o ex-senador Clésio Andrade (MDB) por crimes relacionados ao mensalão tucano. Em 1998, ele era candidato a vice-governador na chapa de Azeredo. Clésio nega seu envolvimento no caso.
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