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Empresa de economista ligado ao PSDB recebeu R$ 8 mi sob suspeita, diz Zelotes

Marcelo Justo - 18.out.2010/Folhapress
Imagem: Marcelo Justo - 18.out.2010/Folhapress

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

26/07/2018 11h25Atualizada em 26/07/2018 16h17

A 10ª fase da Operação Zelotes, deflagrada nesta quinta-feira (26), investiga suspeitas de que uma empresa de consultoria do economista Roberto Gianetti da Fonseca teria atuado como intermediária no pagamento de propina a conselheiros do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão responsável por julgar recursos contra autuações da Receita Federal.

De acordo com as investigações, a empresa de consultoria Kaduna, de Gianetti, teria recebido R$ 8 milhões por meio de um suposto contrato de fachada com a siderúrgica Paranapanema, para o qual não haveria comprovação de serviços realizados pela consultoria.

Posteriormente, a Paranapanema foi beneficiada num julgamento do Carf, com a anulação de uma cobrança de tributos não pagos cujo valor atualizado, mais multas aplicadas, alcança R$ 650 milhões.

Essas informações foram divulgadas na manhã desta quinta-feira, em entrevista coletiva de imprensa realizada na sede do MPF (Ministério Público Federal) em Brasília, com a presença do procurador da República Frederico Paiva, coordenador da Zelotes.

Segundo o procurador, foram rastreados pagamentos feitos pela consultoria a um escritório de advocacia e, posteriormente, deste escritório a dois conselheiros do Carf. Os conselheiros teriam recebido cerca de R$ 170 mil. Os nomes não foram divulgados.

Esta fase da Zelotes cumpriu mandados de busca e apreensão contra sete pessoas e duas empresas, no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

As investigações do MPF foram realizadas em parceria com a Receita Federal e a Corregedoria do Ministério da Fazenda.

Gianetti é próximo ao PSDB e foi cotado para coordenar o programa de governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) à Presidência da República, mas sua participação na campanha não se realizou. 

Nesta quinta-feira, ao ser questionado sobre o envolvimento de Gianetti na operação, Alckmin afirmou que o economista não fazia parte da equipe de campanha. "Em relação ao Roberto Giannetti da Fonseca eu não tenho informação, mas ele não faz parte da nossa equipe. Sempre participou e participa das campanhas do PSDB", disse o tucano a jornalistas, durante evento de campanha em Brasília.

Outro lado

O economista Roberto Giannetti da Fonseca e sua empresa, a Kaduna Consultoria, disseram em nota que são “totalmente infundadas as suspeitas levantadas” contra eles na décima etapa da Operação Zelotes. Em nota conjunta, eles dizem que “estão abertos a prestar qualquer informação e colaborar integralmente com a Justiça Federal para elucidação de qualquer fato”.

“Ele [Giannetti] reafirma que aqueles que o conhece sabem que ele sempre se pautou pelos princípios éticos e legais no relacionamento com seus clientes e com as autoridades públicas”, diz o comunicado.

Giannetti também atuava no Lide (Grupo de Líderes Empresariais), do grupo empresarial fundado Doria. Em nota, o Lide disse que o economista "pediu afastamento temporário do Comitê de Gestão do LIDE para se dedicar à sua defesa".

Em nota a Paranapanema afirma que a companhia ou seus atuais gestores não foram notificados oficialmente sobre a investigação e disse possuir "rigorosas políticas" de controle e conformidade corporativas.

"A Companhia tampouco seus administradores ou gestores atuais foram alvo ou notificados oficialmente. A Companhia repudia quaisquer atos de ilegalidade e conta com rigorosas políticas de controle e conformidade, que têm sido permanentemente aprimoradas", diz a nota, enviada pela assessoria de imprensa da companhia.