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MP investiga se prefeito tem Alzheimer, e vice acusa família de assumir a cidade

Cosme Gonçalves de Farias (DEM), prefeito de São João do Cariri (PB) - Prefeitura São João do Cariri/Divulgação
Cosme Gonçalves de Farias (DEM), prefeito de São João do Cariri (PB) Imagem: Prefeitura São João do Cariri/Divulgação

Colaboração para o UOL

Em João Pessoa

28/07/2018 04h00

O prefeito Cosme Gonçalves de Farias (DEM), do município paraibano de São João do Cariri, é investigado pelo MP-PB (Ministério Público da Paraíba) sob suspeita de estar sofrendo da doença de Alzheimer. 

O MP foi acionado após a denúncia de um morador, cujo nome permanece em sigilo. O vice-prefeito da cidade, Helder Trajano (DEM), colega de partido de Farias, afirma que o mandatário está de fato doente e que é sua família quem comanda a cidade. 

Socorro Farias, primeira-dama e secretária de Empregos e Ação Social, negou que o prefeito esteja doente e afirmou que vai levar provas de sua saúde ao MP (veja mais abaixo).

No início de julho, Farias foi ouvido pelo promotor de Justiça José Bezerra Diniz, responsável pela apuração do caso. Durante o depoimento, o prefeito se confundiu ao ser questionado sobre quantos são seus filhos. Primeiro disse que eram dois, depois três. Outras perguntas foram feitas ao prefeito: a data do casamento e qual a padroeira da cidade – Nossa Senhora dos Milagres, muito conhecida entre a população local. O prefeito teve dificuldade em elaborar respostas corretas.

O promotor disse que “não iria fazer nenhum juízo de valor, porque não é autoridade médica, mas que notou uma certa dificuldade do gestor em responder a perguntas que lhe fez sobre o cotidiano”.

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O MP-PB deu o prazo de 20 dias (até 4 de agosto) para que o prefeito se submeta a acompanhamento médico, quando deve ser elaborada uma declaração sobre a saúde de Farias, que pode ser afastado.
          
O município de São João do Cariri tem uma população de 4.344 pessoas, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Farias era vice-prefeito e assumiu o município em junho de 2015, quando o então prefeito Marcone Medeiros morreu em decorrência de um câncer. Nas eleições de 2016, o democrata foi reeleito prefeito com 1.781 votos.

“Nunca tive uma sala na prefeitura”, diz vice-prefeito

Segundo o vice-prefeito, “não é segredo” que a prefeitura está sendo comandada pelos parentes de Farias. 

Trajano afirma que, logo após a posse, em janeiro de 2017, o prefeito nomeou cinco parentes para cargos estratégicos da prefeitura e rompeu com os antigos aliados. Desde então, segundo ele, não houve mais contato entre os dois. “Nunca tive uma sala na prefeitura, nunca fui lá. Quem toma conta é a primeira-dama, o irmão e outros parentes. Isso é uma pena, porque o prefeito é uma pessoa muito boa, mas está sendo feito de fantoche.”

Segundo a Lei Orgânica da cidade, o prefeito pode ter licença da Câmara Municipal para afastar-se do cargo por motivo de doença devidamente comprovada, com direito a remuneração integral. Ele precisaria de autorização da Câmara para se afastar e teria de transmitir o cargo ao substituto (vice). 

Segundo o sistema Sagres, do TCE-PB (Tribunal de Contas da Paraíba), o salário do vice-prefeito em São João do Cariri é de R$ 5.000. O prefeito Farias recebe R$ 11 mil, e a folha de pagamento mensal da prefeitura é de R$ 526 mil. Trajano disse não pensar na possibilidade de assumir o comando da prefeitura: “Sou vice-prefeito só de nome, não permitem que eu faça o meu trabalho. O meu sentimento é de decepção”.

O vereador Francisco Joaquim, também por telefone, afirmou que estava sabendo dos problemas de saúde do prefeito e que não se recordava a última vez que eles haviam se reunido como representantes do executivo e legislativo municipal. “Ele anda doente, está com problema de saúde. Nem telefone ele atende mais. Na verdade, ele não tem mais telefone”, pontuou. 

"O prefeito está bem, vamos provar", diz primeira-dama

A mulher do prefeito, Socorro Farias, ao atender a ligação da reportagem, disse que estava no consultório médico para pegar os exames do prefeito para apresentar ao MP-PB, mas que não poderia antecipar os resultados.

Ao ser questionada sobre as denúncias de que ela estaria, junto com outros familiares, comandando a cidade, Socorro limitou-se a dizer que “o prefeito está bem, vamos provar isso”.

A primeira-dama ocupa o cargo de secretária de Empregos e Ação Social, com salário de R$ 2.500. O advogado do prefeito não atendeu as ligações.