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Pezão ficará detido em sala especial da prisão da PM em Niterói

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

29/11/2018 11h06Atualizada em 29/11/2018 13h00

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O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), será levado nesta quinta-feira (29) para a Unidade Prisional da Polícia Militar em Niterói, na região metropolitana do estado.

Detido na manhã desta quinta por tempo indeterminado, ele ficará na Sala de Estado Maior da Unidade Prisional Militar em Niterói. O cômodo é reservado a autoridades - entre elas, o governador em curso do seu mandato.

No local, o governador vai cumprir prisão preventiva por suspeita de liderar um esquema de corrupção que, segundo a PGR (Procuradoria Geral da República), teria rendido a ele, de 2007 até julho deste ano, mais de R$ 39 milhões em valores corrigidos de acordo com a inflação. Antes de ser levado para a prisão, Pezão será interrogado na sede da Polícia Federal, para onde foi levado no início da manhã. Ele foi preso no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo.

A unidade prisional para qual Pezão será levado fica a 17 quilômetros de distância da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte da capital, onde o seu antecessor, o ex-governador Sérgio Cabral, cumpre pena.

De acordo com a superintendência da PF, o esquema de recebimento de propina sobre contratos públicos e corrupção de agentes relacionados em governo, iniciado na gestão de Cabral, passou a ser liderado por Pezão em seu mandato.

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Em entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo em outubro deste ano, Pezão chegou a afirmar que, assim que terminasse o seu mandato, gostaria de visitar Cabral na cadeia e "dar um abraço nele".

No local também está preso o ex-procurador-geral do Ministério Público do Rio de Janeiro, Cláudio Lopes. Lopes segue preso, sob suspeita de blindar a organização criminosa liderada por Cabral.

Em entrevista concedida nesta quinta (29), o superintendente da PF, Ricardo Saadi, afirmou que na casa de Carlos Bezerra, um dos principais operadores do esquema, foram encontrados 22 bilhetes que identificavam pagamentos que somavam mais de R$ 2 milhões para Pezão. A análise de caixas de e-mails e grampos telefônicos foram de acordo com as delações de Carlos Miranda --outro operador do esquema.

"Foram monitorados crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa, além de fraudes em licitações. As investigações mostram que o esquema permaneceu no Rio de Janeiro, encabeçado por Pezão. Com novos atores, um novo modus operandi, mas o mesmo esquema. Eram cobrados 5% sobre contratos administrativos assinados pelo governo do estado. O valor era dividido, parte para proveito próprio e parte para a perpetuação do esquema --o que inclui o pagamento a conselheiros do TCE. Algumas mesadas chegavam a R$ 150 mil", detalhou.