Topo

Bolsonaro encontra "deputado-presidiário" ao receber bancada do MDB

O deputado Celso Jacob após encontro com o presidente eleito Jair Bolsonaro no CCBB, em Brasília - Luciana Amaral/UOL
O deputado Celso Jacob após encontro com o presidente eleito Jair Bolsonaro no CCBB, em Brasília Imagem: Luciana Amaral/UOL

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

04/12/2018 17h12Atualizada em 04/12/2018 18h30

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), recebeu na tarde desta terça-feira (4) a bancada do MDB na Câmara dos Deputados – cerca de 50 parlamentares atuais e eleitos –, incluindo o "deputado presidiário" Celso Jacob (MDB-RJ).

Celso Jacob foi condenado a sete anos e dois meses de prisão no regime semiaberto – quando o detento dorme no presídio, mas pode sair para trabalhar durante o dia – pelos crimes de dispensa de licitação e falsificação de documento público na construção de uma creche quando era prefeito de Três Rios (RJ).

A prisão foi determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em maio de 2017. O deputado foi preso em junho pela Polícia Federal ao desembarcar no Aeroporto de Brasília. Jacob recebeu o apelido de "deputado-presidiário" quando estava no regime semiaberto. Na época, ele despachava de seu gabinete na Câmara e voltava para a Papuda para passar a noite.

Em maio deste ano, um suplente foi convocado para ocupar seu lugar na Câmara.

Entre idas e vindas de decisões judiciais, no mês seguinte, Jacob passou para o regime domiciliar, em que permanece até hoje.

Enquanto estava preso na Papuda, em Brasília, foi flagrado com queijo provolone e biscoitos na cueca. Jacob tentou se candidatar nas eleições deste ano, mas foi barrado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio. Ele nega quaisquer irregularidades. 

“Você sabe o meu caso? Não tem nada de corrupção. É uma creche. Analisa bem que você vai ver. Não tem nada de corrupção. É uma creche. Eu vou provar minha inocência. Eu vim como bancada, não vim como individual”, ao ser questionado sobre sua presença no encontro e como avalia o discurso anticorrupção defendido por Bolsonaro.

bolsonaro mdb - Divulgação/Governo de Transição - Divulgação/Governo de Transição
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, se reuniu com a bancada de deputados do MDB
Imagem: Divulgação/Governo de Transição

Em entrevista à imprensa à tarde, Bolsonaro falou sobre a reunião com o MDB, citando o medo da volta do PT ao poder. “Temos grande identidade naquilo que vamos propor e parte foi dito para eles, e o apoio vem por aí. Eles sabem que não podemos errar. Se errarmos, vai voltar o governo...aqueles que deixaram a triste história no nosso Brasil”, disse.

Como foi a reunião com o MDB

O MDB foi a primeira bancada partidária a ser recebida por Bolsonaro no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde a equipe de transição está instalada até a posse presidencial, em 1º de janeiro. Em seguida, Bolsonaro recebeu também a bancada do PRB. Para esta quarta (5), estão agendados encontros com as bancadas do PR e do PSDB.

O líder da bancada do MDB na Câmara, deputado federal Baleia Rossi (SP), disse que o partido não será base nem oposição ao próximo governo e deverá pautar os apoios de acordo com as pautas.

“O MDB institucionalmente já se declarou independente, mas claro que nós temos a nossa responsabilidade com o país. [...] Felicitamos o presidente Jair Bolsonaro pela nomeação do ministro Osmar Terra para a Cidadania”, falou.

Terra é deputado federal pelo MDB do Rio Grande do Sul e foi ministro de Desenvolvimento Social do atual presidente, Michel Temer (MDB). Rossi disse, porém, que a indicação à pasta não foi partidária, mas feita por frentes parlamentares de temas sociais.

“Estamos vivendo uma nova política. O MDB não reivindicou cargos, não tem pretensão de indicar ninguém no governo”, declarou. “

Rossi avalia que o partido estabeleceu uma abertura de diálogo com Bolsonaro e classificou este como “gentil”. O presidente eleito teria apresentado propostas para serem tocados no Congresso Nacional e pediu apoio nas futuras votações.

Mais cedo, Osmar Terra disse que o MDB vai apoiar “todas as propostas que a população quer” e não será o partido a “frustrar essa esperança. “Se ele vai fazer organicamente ou com parte da base do governo, isso é uma outra discussão”, declarou.

O vice-presidente da Câmara e pré-candidato à Presidência da Casa para as eleições internas do ano que vem, Fábio Ramalho (MDB-MG), chegou à reunião com uma sacola de doces mineiros. Ele é conhecido pelos políticos em Brasília por oferecer jantares com comidas típicos do estado.

“Isso aqui são doces mineiros, queijo mineiro e goiabada mineira. Através do queijo, da goiabada e do pé-de-moleque mineiros tenho certeza de que vamos conseguir o diálogo”, disse ao entrar na reunião.