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Gleisi: Lula estava cético sobre liberdade após liminar de Marco Aurélio

Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

20/12/2018 11h58

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria demonstrado ceticismo com a possibilidade de ser solto em razão de uma liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello que beneficiava presos com condenação em segunda instância. Lula seria um dos beneficiados da decisão de Marco Aurélio.

"Ele estava tranquilo, estava sereno. Estava também... cético", comentou a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que relatou o comportamento de Lula segundo advogados que o encontraram na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba, onde está preso desde abril. Gleisi não tem mais permissão para visitar Lula como advogada.

"Não dá para achar que isso de fato vai acontecer. Já vivenciei uma situação como essa e não acredito que vai ser com uma solução simples assim, de ter uma decisão e me deixarem partir", seriam palavras de Lula, segundo relato de Gleisi. A senadora e outros petistas estiveram, na manhã desta quinta-feira (20), na vigília de apoiadores de Lula, instalada em frente à sede da PF na capital paranaense.

Após a decisão de Marco Aurélio, a defesa de Lula entrou com um pedido junto à Justiça Federal no Paraná pedindo a soltura imediata do ex-presidente.  

A juíza federal Carolina Lebbos, responsável pela execução da pena de Lula, pediu que a força-tarefa do MPF (Ministério Público Federal) na Operação Lava Jato em até dois dias. Ela não liberou Lula imediatamente, como queria a defesa de Lula

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Antes da manifestação formal do MPF, porém, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, derrubou a decisão de seu colega, tornando inócuo o pedido da defesa de Lula por liberdade. 

Os petistas voltaram a reforçar o discurso de que Lula seria um preso político e aumentaram o tom das críticas. Um dos alvos foi a juíza Carolina Lebbos. 

Em discurso a militantes, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) chegou a dizer que a magistrada tratou o ministro Marco Aurélio como um juiz de primeira instância. 

"Ontem, me pareceu que a ministra Carolina Lebbos deu uma ordem para o juiz de primeiro grau, Marco Aurélio", ironizou. "Isso me pareceu que inverteu a ordem da Justiça brasileira ao colocar o Supremo no primeiro grau e a Carolina Lebbos no Supremo Tribunal Federal".

Em despacho, a juíza disse que havia decisões do plenário do STF que permitiam a execução provisória da pena a partir da condenação em segunda instância. Ela também citou que o caso de Lula já foi apreciado pelos 11 ministros do Supremo que, por maioria, permitiu o início do cumprimento da pena.

Também aos militantes Gleisi, diz que o "establishment, institucional, inclusive, do país articulado para impedir que Lula seja livre, para impedir que Lula saia da cadeia". "Porque Lula é um símbolo. Lula nas ruas é uma afronta ao governo do Bolsonaro [o presidente eleito, Jair Bolsonaro], é a oposição em si, a oposição ambulante, andante, se ele estivesse nas ruas com a gente", comentou.

Gleisi falou em organizar "os trabalhadores e o povo brasileiro" para "constituir a resistência e o enfrentamento". "E o vetor de tudo isso, o que tem que nos dirigir na luta política chama-se Luiz Inácio Lula da Silva", disse Gleisi. "É a liberdade de Lula, a defesa de Lula que vai organizar nossa oposição ao governo Bolsonaro", comentou.

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